Música

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Gostaste, Maria? 


Sendo, o zapping um dos meus preferidos “exercícios de sofá”, devo dizer-te que o mesmo não resulta de uma actividade lúdica e espontânea, da qual desde cedo tivesse percebido que daí fosse extrair exagerado deleite. Antes pelo contrário, este meu actual prazer resulta do desespero, tornado vício, com que cada vez mais freneticamente, ia procurando entre as dezenas de canais ao meu dispor, algum onde realmente valesse a pena repousar.
Foi numa dessas expedições, não sei já se na escalada, se na descida, que esbarrei com a miúda que escolhi para inaugurar este nosso espaço de descoberta musical.
Confesso que foi amor à primeira vista.
Conforme referido no site/agência France Info, “Vê-la no palco, com a sua franja, com a sua presença de artista de cabaré, de estrela de Rock dos anos cinquenta… Zaza Fournier é uma mistura de estilos que faz girar pescoços e balançar pernas”, na verdade, aquela fusão entre a paixão de Edith Piaf e a candura da Amelie Poulin, é arrebatadora. 
A Edith Paif da geração ipod, como já lhe ouvi chamar.
Na verdade Zaza Fournier, produz uma perfeita sublimação do ambiente clássico e burlesco do acordeão, com a audácia do contemporâneo ipod, redefinindo um conceito musical que lhe permite cumprir o desejo por si confessado “de ser tudo, cantora de soul, de rock e romântica. Sobretudo que o disco chegue ao maior número possível de pessoas, um disco popular no sentido nobre do termo, para fazer os amantes chorarem ou cantarem".
E se enamorarem… também das palavras e seus significados.
Porque, te digo Maria, a sensualidade com que esta menina parece querer-nos conquistar, não pode esbarrar na acutilância, intensidade e até violência dos seus versos, mas sim espraiar-se na doce ironia com que nos presenteia.
Tal como os nossos próximos convidados, também a Zaza não cabe nas estantes da Fnac (essa pretensa referência cultural). São as vicissitudes das tais avenidas iluminadas de que te falava…
Deixo-te pois agora, com os SKA-P.

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Maria, tenho a certeza que gostaste.

O ska punk é transgressor, alegre e apaixonante. Sobre a origem deste som e não sendo musicólogo, socorro-me de um interessante apontamento com que me deparei:
“Ska Punk é a junção destruidora de dois estilos. Como se o pré-reggae jamaicano encontrasse um punk inglês e resolvessem tirar um som na rua.”
Radicará nesta génese, o descomprometimento formal ou de estilo que o ska punk apresenta, conferindo-lhe uma matriz irreverente e contagiante.
Os SKA-P e oferecem-nos isso e muito mais. Pulpul, Luismi, Julio, Joxemi, Kogote e Pipi, oferecem-nos a força das palavras, a expressão da revolta e a denúncia, sem concessões nem constrangimentos.
A generosidade empregue e o gozo daí extraído por cada um dos membros que integram a banda, tornam-na tão genuína que ao seu público apenas resta a retribuição, até que o corpo ou a voz, não mais o possam e em que cada concerto é como se fosse o último. Uma retribuição avassaladora e descompensada, feita de “moches”, gritos, abraços, corpos dançando freneticamente, punhos erguidos e a certeza que encontraremos a formula de mudar o mundo.

Pronta para o combate?
Porque a hora é de luta, apresento-te de seguida Boikot.


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Publicada por FogeMariaFoge em: 12 de Novembro de 2010
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Que haverá a dizer de Boikot?

Rock e ska de cultura punk que partindo de um ambiente urbano, desagua com alegria no folk balcânico, com um último trabalho datado de 2008 e baptizado de Amaneció.
Construção musical muito própria, antecâmara da luta pela paz e da conquista da liberdade pela via da igualdade, facilmente nos arrebatam. Um ideário expresso sem subterfúgios e aqui tão próximo.
E Portugal cada vez mais burguês...

Ahora que vamos despacio
Ahora que vamos despacio
Vamos a contar mentiras tralará !
Vamos a contar verdades tralará !
Vamos a contar tu vida.

Ya no roban al obrero
Ya no hay paro, ya no hay clero
Ya no existe el desalojo tralará !!
Ningún insumiso preso tralará !!
Vamos a contar mentiras.

Quando te propus este desafio, partiste com reservas mas também com vontade de te deixares surpreender.
Outra incursão pelas ruelas mal iluminadas desta vida.
Encontro com Boikot, banda com “apenas” vinte e três anos de carreira, onze álbuns editados e uma etiqueta própria – BKT e que tal qual todos os nossos anteriores convidados, não tem lugar nas estantes das discotecas portuguesas nem tão pouco, nas playlist das nossas rádios.

Porque a música não tem pátria e os gostos musicais não têm fronteiras, apresento-te directamente de Nova Iorque - Hazmat Modine.




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Publicado por FogeMariaFoge em 02 de Dezembro de 2010
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Desculpa Maria,

Por razões várias te negligenciamos. Não somos bloguers a tempo inteiro, temos a nossas actividades profissionais, as nossas famílias, as nossas vidas...
Ainda assim continuamos a acreditar em ti e queremos compensar-te.
Estamos em tempo de eleições, quase sem nos darmos conta disso. As convicções estão presentes, a catarze ser-nos-á permitida por ti e dela continuará a viver este espaço.
Portugal insiste em se exibir como um dos locais mais mal frequentadas da Europa. Com a vitória que se avizinha, ameaça tornar-se num imenso Gondomar.
Eu no Porto e Oeiras aqui tão perto.
Estivemos doentes ou impedidos. Trabalhamos como cães e alguns de nós viram o salário levar uma talhada.
Perdemos o fôlego e mais uma vez te pedimos desculpa.
Sem querermos partidarizar em demasia este espaço, assumimos entre todos a liberdade de exprimirmos as nossas preferências ou antipatias. Sendo tarde no contexto das presidenciais, aproveitaremos a reflexão.
Para já importará lembrar que nos despedimos de Hazmat Modine, para darmos a conhecer Modena City Ramblers.
Dos nova-iorquinos ficam a originalidade, a alegria e descontração com que se lançam nas suas daitribes musicais. Interpretam uma original fusão de estilos tão diversos como o blues, o reggae, o klezmer, country e música cigana. Esta diversidade fica também patente nos instrumentos utilizados, originários da China antiga ou da Roménia. Encerro a sua apresentação com a citação do texto que lhes é reservado em crónicasdaterra.com:
Uma das grandes qualidades dos Hazmat Modine que salta ao ouvido à primeira audição do seu disco “Bahamut”, é a forma mutante como os seus blues de raiz sulista nos oferecem multiplas visões temporais e geográficas da música americana e do resto do mundo: das canções de trabalho em linhas férreas, registadas por Alan Lomax com aquele som analógico e poeirento; à alma negra de Sonny Boy Williamson e ao «swing» do performer e do saltimbanco britânico Rory McLeod, quando as duas harmónicas se confrontam e imprimem um ritmo frenético; ao balanço do ragtime e do foxtrot do início do século XX; à serenidade acústica de uma banjitar que suporta os harmónicos vocais dos Huun Huur-Tu de Tuva; à forma esguia como as guitarras eléctricas facilmente entram em territórios caribenhos do reggae e do calypso, à slide que nos remete para o Hawaii e ao olhar para a música de casamentos judaicos e cigana do leste da Europa (sobretudo Romena), por via dos metais, do clarinete e do cimbalão.”









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Ciao Modena City Ramblers, ciao Banda Bassotti


Banda que começou por ser apenas um agrupamento informal de amigos que se juntavam pelo prazer de tocar folk irlandesa para família e outros amigos e companheiros. Com Pogues e Watherboys num horizonte mais ou menos longinquo e começando a escrever os próprios temas, a banda alcançou a maioridade num registo de Folk Combat (primeira maqueta), fundindo o folk céltico, com punk e baladas extraídas da mais profícua e bela tradição musical da resistência antifascista italiana.
Nos anos que se seguiram, os Modena City Ramblers ganharam reputação como uma poderosa banda ao vivo, realizando concertos por toda a Europa e aderindo naturalmente ao circuito internacional de música progressista e de intervenção, que lamentavelmente parece nada querer com Portugal.
Assim mesmo se definem:

“A banda é composta de pessoas que compartilham um sonho: a música é um caminho que pode conduzir a uma "utopia". Esta crença baseia-se nas lições dos mestres do folk com a filosofia da revolução punk. Afinal, "qualquer lugar" é o significado da palavra utopia e como o escritor mexicano e nosso grande amigo Paco Ignacio Taibo II disse: "não se pode viver sem utopia".

Esta afirmação é obviamente verdade na mente dos milhares de admiradores que apreciam os concertos dos Modena City Ramblers!

Esperamos que na tua também, Maria!

E agora também de Itália, para te regalares Banda Bassotti.













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Ciao Banda Bassotti, salut Babylon Circus



Banda Bassotti, formação musical nascida em 1981, num bairro operário da periferia de Roma e no seio do movimento Red Skin, com um constituição originalmente composta somente por trabalhadores da construção civil.

Significando em italiano Irmãos Metralha, Banda Bassotti, produz um muito “materialista” som ska, punk e Oi, em que a estética perde em favor da força das palavras e das ideias. Sem constrangimentos quanto à sua origem, sem pudor quanto à simpatia por diferentes projectos e/ou movimentos comunistas do séc. XX e por tudo o que ajudaram a conquistar e construir! É património que qualquer revolucionário deve orgulhosamente assumir e que cantado em italiano se traduz concerteza, na melhor banda italiana de ska/punk.

Não existirá agrupamento com tão evidente consciência de classe, disposto a roubar espaço ao campo da produção mais ou menos burguesa do punk, na perfeita sublimação do ideal de que a música é para o povo, mas sobretudo é e será sempre do povo.

As músicas aqui apresentadas "Stalingrado", "Figli della stessa rabbia", "Bella ciao", e muitas outras, são tidas como clássicas da banda. O seu último álbum "Viento, lucha y sol" foi muito elogiado pelos apreciadores, mas por terras lusas não chegou a ver a luz do dia.

Ficam connosco, não ficam Maria?

Vamos agora dar lugar aos franceses Babylon Circus, considerados por muitos e apenas como a melhor banda ao-vivo da actualidade. Vamos viajar Maria?







Publicada por FogeMariaFoge em: 31 de Abril de 2011 ______________________________________________________________________________________________

1 comentário:

  1. Grande selecção musical.
    Continuem a surprender-me.
    Uma lufada de ar fresco, parabéns!

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