30 de maio de 2012

Festa do Avante

 


Uma aventura dentro do comunismo real

Terça-feira, 29.05.12
"Dizem-se muitas mentiras acerca da Festa do Avante! Estas são as mais populares: que é irrelevante; que é um anacronismo; que é decadente; que é um grande negócio disfarçado de festa; que já perdeu o conteúdo político; que hoje é só comes e bebes.
Já é a segunda vez que lá vou e posso garantir que não é nada dessas coisas e que não só é escusado como perigoso fingir que é. Porque a verdade verdadinha é que a Festa do Avante faz um bocadinho de medo.
O que se segue não é tanto uma crónica sobre essa festa como a reportagem de um preconceito acerca dela - um preconceito gigantesco que envolve a grande maioria dos portugueses. Ou pelo menos a mim.
Porque é que a Festa do Avante faz medo?
É muita gente; muita alegria; muita convicção; muito propósito comum. Pode não ser de bom-tom dizê-lo, mas o choque inicial é sempre o mesmo: chiça! Afinal os comunistas são mais que as mães. E bem-dispostos. Porquê tão bem dispostos? O que é que eles sabem que eu ainda não sei?
É sempre desconfortável estar rodeado por pessoas com ideias contrárias às nossas. Mas quando a multidão é gigante e a ideia é contrária é só uma só – então, muito francamente, é aterrador.
Até por uma questão de respeito, o Partido Comunista Português merece que se tenha medo dele. Tratá-lo como uma relíquia engraçada do século XX é uma desconsideração e um perigo. Mal por mal, mais vale acreditar que comem criancinhas ao pequeno-almoço.
Bem sei que a condescendência é uma arma e que fica bem elogiar os comunistas como fiéis aos princípios e tocantemente inamovíveis, coitadinhos.
É esta a maneira mais fácil de fingir que não existem e de esperar, com toda a estupidez que, se os ignoramos, acabarão por se ir embora.
As festas do Avante, por muito que custe aos anticomunistas reconhecê-lo, são magníficas.
É espantoso ver o que se alcança com um bocadinho de colaboração. Não só no sentido verdadeiro, de trabalhar com os outros, como no nobre, que é trabalhar de graça.
A condescendência leva-nos a alvitrar que “assim também eu” e que as festas dos outros partidos também seriam boas caso estivessem um ano inteiro a prepará-las. Está bem, está: nem assim iam lá. Porque não basta trabalhar: também é preciso querer mudar o mundo. E querer só por si, não chega. É preciso ter a certeza que se vai mudá-lo.
Em vez de usar, para explicar tudo, o velho chavão da “ capacidade de organização” do velho PCP, temos é que perguntar porque é que se dão ao trabalho de se organizarem.
Porque os comunistas não se limitam a acreditar que a história lhes dará razão: acreditam que são a razão da própria história. É por isso que não podem parar; que aguentam todas as derrotas e todos os revezes; que são dotados de uma avassaladora e paradoxalmente energética paciência; porque acreditam que são a última barreira entre a civilização e a selvajaria. E talvez sejam. Basta completar a frase "Se não fossem os comunistas, hoje não haveria..." e compreende-se que, para eles, são muitas as conquistas meramente "burguesas" que lhes devemos, como o direito à greve e à liberdade de expressão.
É por isso que não se sentem “derrotados”. O desaparecimento da URSS, por exemplo, pode ter sido chato mas, na amplitude do panorama marxista-leninista, foi apenas um contratempo. Mas não é só por isso que a Festa do Avante faz medo. Também porque é convincente. Os comunas não só sabem divertir-se como são mestres, como nunca vi, do à-vontade. Todos fazem o que lhes apetece, sem complexos nem receios de qualquer espécie. Até o 'show off' é mínimo e saudável.
Toda a gente se trata da mesma maneira, sem falsas distâncias nem proximidades. Ninguém procura controlar, convencer ou impressionar ninguém. As palavras são ditas conforme saem e as discussões são espontâneas e animadas. É muito refrescante esta honestidade. É bom (mas raro) uma pessoa sentir-se à vontade em público. Na Festa do Avante é automático.
Dava-nos jeito que se vestissem todos da mesma maneira, dissessem e fizessem as mesmas coisas - paciência. Dava-nos jeito que estivessem eufóricos; tragicamente iluminados pela inevitabilidade do comunismo - mas não estão. Estão é fartos do capitalismo - e um bocadinho zangados.
Não há psicologias de multidões para ninguém: são mais que muitos, mas cada um está na sua. Isto é muito importante. Ninguém ali está a ser levado ou foi trazido ou está só por estar. Nada é forçado. Não há chamarizes nem compulsões. Vale tudo até o aborrecimento. Ou seja: é o contrário do que se pensa quando se pensa num comício ou numa festa obrigatória. Muito menos comunista.
Sabe bem passear no meio de tanta rebeldia. Sabe bem ficar confuso. Todos os portugueses haviam de ir de cinco em cinco anos a uma Festa do Avante, só para enxotar estereótipos e baralhar ideias. Convinha-nos pensar que as comunas eram um rebanho mas a parecença é mais com um jardim zoológico inteiro. Ali uma zebra; em frente um leão e um flamingo; aqui ao lado uma manada de guardas a dormir na relva.
Quando se chega à Festa o que mais impressiona é a falta de paranóia. Ninguém está ansioso, a começar pelos seguranças que nos deixam passar só com um sorriso, sem nos vasculhar as malas ou apalpar as ancas. Em matéria de livre trânsito, é como voltar aos anos 60.
Só essa ausência de suspeita vale o preço do bilhete. Nos tempos que correm, vale ouro. Há milhares de pessoas a entrar e a sair mas não há bichas. A circulação é perfeitamente sanguínea. É muito bom quando não desconfiamos de nós.
Mesmo assim tenho de confessar, como reaccionário que sou, que me passou pela cabeça que a razão de tanta preocupação talvez fosse a probabilidade de todos os potenciais bombistas já estarem lá dentro, nos pavilhões internacionais, a beber copos uns com os outros e a divertirem-se.
A Festa do Avante é sempre maior do que se pensa. Está muito bem arrumada ao ponto de permitir deambulações e descobertas alegres. Ao admirar a grandiosidade das avenidas e dos quarteirões de restaurantes, representando o país inteiro e os PALOP, é difícil não pensar numa versão democrática da Exposição do Mundo Português, expurgada de pompa e de artifício. E de salazarismo, claro.
Assim se chega a outro preconceito conveniente. Dava-nos jeito que a festa do PCP fosse partidária, sectária e ideologicamente estrangeirada. Na verdade, não podia ser mais portuguesa e saudavelmente nacionalista.
O desaparecimento da União Soviética foi, deste ponto de vista, particularmente infeliz por ter eliminado a potência cujas ordens eram cegamente obedecidas pelo PCP.
Sem a orientação e o financiamento de Moscovo, o PCP deveria ter também fenecido e finado. Mas não: ei-lo. Grande chatice.
Quer se queira quer não (eu não queria), sente-se na Festa do Avante que está ali uma reserva ecológica de Portugal. Se por acaso falharem os modelos vigentes, poderemos ir buscar as sementes e os enxertos para começar tudo o que é Portugal outra vez.
A teimosia comunista é culturalmente valiosa porque é a nossa própria cultura que é teimosa. A diferença às modas e às tendências dos comunistas não é uma atitude: é um dos resultados daquela persistência dos nossos hábitos. Não é uma defesa ideológica: é uma prática que reforça e eterniza só por ser praticada. (Fiquemos por aqui que já estou a escrever à comunista).
A Exposição do Mundo Português era “para inglês ver”, mas a Festa do Avante em muitos aspectos importantes, parece mesmo inglesa. Para mais, inglesa no sentido irreal. As bichas, direitinhas e céleres, não podiam ser menos portuguesas. Nem tão-pouco a maneira como cada pessoa limpa a mesa antes de se levantar, deixando-a impecável.
As brigadas de limpeza por sua vez, estão sempre a passar, recolhendo e substituindo os sacos do lixo. Para uma festa daquele tamanho, com tanta gente a divertir-se, a sujidade é quase nenhuma. É maravilhoso ver o resultado de tanto civismo individual e de tanta competência administrativa. Raios os partam.
Se a Festa do Avante dá uma pequena ideia de como seria Portugal se mandassem os comunistas, confessemos que não seria nada mau. A coisa está tão bem organizada que não se vê. Passa-se o mesmo com os seguranças - atentos mas invisíveis e deslizantes, sem interromper nem intimidar uma mosca.
O preconceito anticomunista dá-os como disciplinados e regimentados – se calhar, estamos a confundi-los com a Mocidade portuguesa. Não são nada disso. A Festa funciona para que eles não tenham de funcionar. Ao contrário de tantos festivais apolíticos, não há pressa; a ansiedade da diversão; o cumprimento de rotinas obrigatórias; a preocupação com a aparência. Há até, sem se sentir ameaçado por tudo o que se passa à volta, um saudável tédio, de piquenique depois de uma barrigada, à espera da ocupação do sono.
Quando se fala na capacidade de “mobilização” do PCP pretende-se criar a impressão de que os militantes são autómatos que acorrem a cada toque de sineta. Como falsa noção, é até das mais tranquilizadoras. Para os partidos menos mobilizadores, diante do fiasco das suas festas, consola pensar que os comunistas foram submetidos a uma lavagem ao cérebro.
Nem vale a pena indagar acerca da marca do champô.
Enquanto os outros partidos puxam dos bolsos para oferecer concertos de borla, a que assistem apenas familiares e transeuntes, a Festa do Avante enche-se de entusiásticos pagadores de bilhetes.
E porquê? Porque é a festa de todos eles. Eles não só querem lá estar como gostam de lá estar. Não há a distinção entre “nós” dirigentes e “eles” militantes, que impera nos outros partidos. Há um tu-cá-tu-lá quase de festa de finalistas.
É um alívio a falta de entusiasmo fabricado – e, num sentido geral de esforço. Não há consensos propostos ou unanimidades às quais aderir. Uns queixam-se de que já não é o que era e que dantes era melhor; outros que nunca foi tão bom.
É claro que nada disto será novidade para quem lá vai. Parece óbvio. Mas para quem gosta de dar uma sacudidela aos preconceitos anticomunistas é um exercício de higiene mental.
Por muito que custe dize-lo, o preconceito - base, dos mais ligeiros snobismos e sectarismos ao mais feroz racismo, anda sempre à volta da noção de que “eles não são como nós”. É muito conveniente esta separação. Mas é tão ténue que basta uma pequena aproximação para perceber, de repente, que “afinal eles são como nós”
Uma vez passada a tristeza pelo desaparecimento da justificação da nossa superioridade (e a vergonha por ter sido tão simples), sente-se de novo respeito pela cabeça de cada um.
Espero que não se ofendam os sportinguistas e comunistas quando eu disser que estar na Festa do Avante foi como assistir à festa de rua quando o Sporting ganhou o campeonato. Até aí eu tinha a ideia, como sábio benfiquista, que os sportinguistas eram uma minúscula agremiação de queques em que um dos requisitos fundamentais era não gostar muito de futebol.
Quando vi as multidões de sportinguistas a festejar – de todas as classes, cores e qualidades de camisolas -, fiquei tão espantado que ainda levei uns minutos a ficar profundamente deprimido.
Por outro lado, quando se vê que os comunistas não fazem o favor de corresponder à conveniência instantaneamente arrumável das nossas expectativas – nem o PCP é o IKEA -, a primeira reacção é de canseira. Como quem diz: ”Que chatice – não só não são iguais ao que eu pensava como são todos diferentes. Vou ter de avaliá-los um a um. Estou tramado. Nunca mais saio daqui.”
Nem tão pouco há a consolação ilusória do 'pick and choose'.
... É uma sólida tradição dizer que temos de aprender com os comunistas... Infelizmente é impossível. Ser-se comunista é uma coisa inteira e não se pode estar a partir aos bocados. A força dos comunistas não é o sonho nem a saudade: é o dia-a-dia; é o trabalho; é o ir fazendo; e resistindo, nas festas como nas lutas.
Há uma frase do Jerónimo de Sousa no comício de encerramento que diz tudo. A propósito de Cuba (que não está a atravessar um período particularmente feliz), diz que “resistir já é vencer”.
É verdade – sobretudo se dermos a devida importância ao “já”. Aquele “já” é o contrário da pressa, mas é também “agora”.
Na Festa do Avante não se vêem comunistas desiludidos ou frustrados. Nem tão pouco delirantemente esperançosos. A verdade é que se sente a consciência de que as coisas, por muito más que estejam, poderiam estar piores. Se não fossem os comunistas: eles.
Há um contentamento que é próprio dos resistentes. Dos que existem apesar de a maioria os considerar ultrapassados, anacrónicos, extintos. Há um prazer na teimosia; em ser como se é. Para mais, a embirração dos comunistas, comparada com as dos outros partidos, é clássica e imbatível: a pobreza. De Portugal e de metade do mundo, num Portugal e num mundo onde uns poucos têm muito mais do que alguma vez poderiam precisar.
Na Festa do Avante sente-se a satisfação de chatear. O PCP chateia. Os sindicatos chateiam. A dimensão e o êxito da Festa chateiam. Põem em causa as desculpas correntes da apatia. Do 'ensimesmamento' online, do relativismo ou niilismo ideológico. Chatear é uma forma especialmente eficaz de resistir. Pode ser miudinho – mas, sendo constante, faz a diferença.
Resistir é já vencer. A Festa do Avante é uma vitória anualmente renovada e ampliada dessa resistência. ... Verdade se diga, já não é sem dificuldade que resisto. Quando se despe um preconceito, o que é que se veste em vez dele? Resta-me apenas a independência de espírito para exprimir a única reacção inteligente a mais uma Festa do Avante: dar os parabéns a quem a fez e mais outros a quem lá esteve. Isto é, no caso pouco provável de não serem as mesmíssimas pessoas.
Parabéns!"
MIGUEL ESTEVES CARDOSO - Revista 'SÁBADO' 


24 de fevereiro de 2012

Espanha, Grécia e Itália "desviam" depósitos bancários para a Alemanha


Muito do dinheiro que está nos bancos dos países do sul da Europa está a ser escoado para nações menos endividadas, como é o caso da Alemanha.


Os depósitos bancários na Grécia já diminuíram em 28% desde o pico atingido em Junho de 2009, para 169 mil milhões de euros no final de Dezembro passado, segundo os dados compilados pela Bloomberg. 

Em Espanha, diminuíram 5% nos cinco meses decorridos até Novembro de 2011, para 934 mil milhões de euros, o mínimo desde Abril de 2008. E em Itália os bancos tinham 974 mil milhões de euros em depósitos no passado mês de Novembro – o valor mais baixo de 18 meses. Em contrapartida, os depósitos na Alemanha aumentaram em quase 10% desde Março de 2010, altura em que foi concedido à Grécia o primeiro pacote de resgate. Os depósitos em bancos alemães subiram todos os meses, excepto em cinco, desde finais de 2009 – e atingiram 2,15 biliões de euros no final de 2011, refere a Bloomberg. 

E acontece que a deterioração do panorama para o crescimento na Zona Euro poderá exacerbar estas saídas de dinheiro, principalmente dos chamados Estados-membros periféricos.

“O maior risco sistémico é se as pessoas deixam de ter confiança em manterem os seus euros em Espanha, Portugal ou Itália”, comentou à Bloomberg um economista da Lombard Street Research, Dario Perkins. “Faz sentido colocar o dinheiro na Alemanha só para ficar seguro e é aí que reside o verdadeiro perigo sistémico. Este contágio não está ainda descontado”, acrescentou.

O ministro grego das Finanças, Evangelos Venizelos, disse no início deste mês que 16 mil milhões dos 65 mil milhões de euros de levantamentos de depósitos desde o final de 2009 foram para fora do país. Segundo Venizelos, 32% desses 16 mil milhões de euros seguiram para bancos britânicos e menos de 10% para contas na Suíça. 

A queda dos depósitos tem sido mais marcante nas empresas, segundo a Bloomberg. Desde Maio de 2010, os depósitos corporativos caíra 31% na Grécia, ao passo que os particulares levantaram 24% dos seus fundos. As empresas de outros países também retiraram dinheiro, como foi o caso de 21% na Irlanda, cerca de 8% em Itália e 4% em Espanha.

Em Portugal, sublinha a Bloomberg, os bancos têm conseguido contrabalançar os levantamentos das empresas com a conquista de uma maior quota junto dos negócios retalhistas. Os depósitos corporativos atingiram um máximo de 39,5 mil milhões de euros em Dezembro de 2010 e tinham descido 13% um ano depois, para 34,1 mil milhões, de acordo com os dados compilados pela agência.





Convém lembrar que durante dez anos de Euro, a Alemanha sugou as economias periféricas até ao tutano, destruiu e desmantelou as indústrias locais desses países. A estratégia que a Alemanha seguiu em relação à Europa fez com que no ano de 2011, a balança comercial alemã atingisse um superavit de 158,1 mil milhões de euros.




10 de fevereiro de 2012

III Guerra Mundial pode estar iminente


Para justificar um eventual ataque ao Irão, os EUA/NATO invocam motivos humanitários, células terroristas, possíveis ataques a Israel e um programa de armas nucleares por parte do Irão. Até agora, em todas as inspecções realizadas, a Agência Internacional da Energia Atómica não encontrou qualquer prova no sentido de o Irão estar a desenvolver armas nucleares. A população norte americana talvez acredite nestes argumentos, mas poderá o resto do mundo ser enganado duas vezes? 

Os líderes chineses sabem perfeitamente que a verdadeira agenda dos EUA não tem nada a ver com as justificações apresentadas. O verdadeiro objectivo dos EUA é conquistar as reservas de petróleo do Irão e ao mesmo tempo travar o crescimento da China. Sabemos que a China importa cerca de 22% de petróleo bruto do Irão, tem investido fortemente no país em petróleo e projectos de gás, particularmente no desenvolvimento do campo sul dos pars, que é provavelmente a maior reserva de gás natural do mundo, até agora conhecida. Tal como tinham investido na Líbia, onde acabaram por perder os investimentos devido à mudança de regime e aos bombardeamentos dos EUA/NATO, e estes fizeram-no oportunamente para consolidar a sua hegemonia por causa da ameaça competitiva da China. 

Enquanto a China (segunda maior economia do mundo) e a Rússia (super potência energética) desejam expandir-se economicamente, através de negócios pacificadores, os EUA impõem a sua força militar contra qualquer concorrente que coloque em causa a sua hegemonia económica ou militar, fazendo tudo o que for preciso para garantir o domínio do mundo. Como sempre, fá-lo-ão com a prepotência e o descaramento que são seu apanágio. Depois Israel, que faz o trabalho sujo no médio oriente com o objectivo de se expandir, têm nos EUA o seu maior aliado. Os judeus sionistas têm um lobby poderoso nos EUA de tal forma que conseguem influenciar decisões importantes relativas à politica interna e externa dos EUA.

China e Rússia estão obviamente preocupadas com o cerco militar e os exercícios provocatórios realizados pelas tropas dos EUA mesmo á sua porta, e sabem perfeitamente o que se está a passar, de tal forma, que as tropas russas e chinesas estão em estado de alerta e prontas para qualquer cenário. Sabemos que o Irão tem alianças estratégicas e laços muito fortes com a China e a Rússia, e que estes certamente não ficarão de braços cruzados ao verem o seu parceiro persa ser atacado. Desta vez, a guerra que os EUA estão a promover não é contra países indefesos, como a Líbia, o Afeganistão ou o Iraque. A Rússia detém o segundo maior arsenal bélico a seguir aos EUA, a China tem o maior exército do mundo e está a tornar-se numa super potência militar. Ambos estão a modernizar os seus arsenais, a criar novas tecnologias e têm um programa militar de cooperação conjunta. 

Poderá estar a desenhar-se um confronto entre os EUA/NATO/ISRAEL e  IRÃO/RÚSSIA/CHINA?

Esta conjuntura, pode de facto, levar-nos a pensar que podemos realmente, estar muitos próximos de uma III Guerra Mundial.


20 de outubro de 2011

As inevitaveis comparações entre o 12 de março e o 15 de outubro.














As inevitáveis comparações entre o 12 de Março
e o 15 de Outubro.

Parte I


Manifesto “12 de Março”

Nós, desempregados, “quinhentoseuristas” e outros mal remunerados, escravos disfarçados, subcontratados, contratados a prazo, falsos trabalhadores independentes, trabalhadores intermitentes, estagiários, bolseiros, trabalhadores-estudantes, estudantes, mães, pais e filhos de Portugal.

Nós, que até agora compactuámos com esta condição, estamos aqui, hoje, para dar o nosso contributo no sentido de desencadear uma mudança qualitativa do país. Estamos aqui, hoje, porque não podemos continuar a aceitar a situação precária para a qual fomos arrastados. Estamos aqui, hoje, porque nos esforçamos diariamente para merecer um futuro digno, com estabilidade e segurança em todas as áreas da nossa vida.

Protestamos para que todos os responsáveis pela nossa actual situação de incerteza - políticos, empregadores e nós mesmos – actuem em conjunto para uma alteração rápida desta realidade, que se tornou insustentável.

Caso contrário:

a) Defrauda-se o presente, por não termos a oportunidade de concretizar o nosso potencial, bloqueando a melhoria das condições económicas e sociais do país. Desperdiçam-se as aspirações de toda uma geração, que não pode prosperar.

b) Insulta-se o passado, porque as gerações anteriores trabalharam pelo nosso acesso à educação, pela nossa segurança, pelos nossos direitos laborais e pela nossa liberdade. Desperdiçam-se décadas de esforço, investimento e dedicação.

c) Hipoteca-se o futuro, que se vislumbra sem educação de qualidade para todos e sem reformas justas para aqueles que trabalham toda a vida. Desperdiçam-se os recursos e competências que poderiam levar o país ao sucesso económico.

Somos a geração com o maior nível de formação na história do país. Por isso, não nos deixamos abater pelo cansaço, nem pela frustração, nem pela falta de perspectivas. Acreditamos que temos os recursos e as ferramentas para dar um futuro melhor a nós mesmos e a Portugal.

Não protestamos contra as outras gerações. Apenas não estamos, nem queremos estar à espera que os problemas se resolvam. Protestamos por uma solução e queremos ser parte dela.
Nº de manifestantes Lisboa -200 mil
Nº de manifestantes Porto – 80 mil

Manifesto Internacional 15 de Outubro

Olá Mundo
Esta é uma mensagem informativa dirigida ao público, em 15 de Outubro, retomaremos a rua. Indignados com a agressão contínua de políticos e banqueiros à nossa liberdade e aos nossos direitos, estamos determinados a tomar as ruas novamente, desta vez de uma forma abrangente. De norte a sul, de leste a oeste novamente para protestar contra a atual funcionamento dos sistemas económicos e governamentais que se tornaram um obstáculo ao progresso da humanidade. Pusemos o dinheiro acima do ser humano e devemos colocá-lo nosso serviço. Somos pessoas, não produtos no mercado. Não sou só o que compro, porque o compro e quem o compro. Nós somos anónimos, mas sem nós nada disso existiria, somos nós que movemos o mundo. Anónima é a consciência colectiva de todo o povo e o último bastião da luta pela liberdade na rede.Nós todos devemos juntar forças para espalhar através de e-mails,redes sociais, fóruns, blogs, criação de mais material, como vídeos,fotos, músicas, poemas, histórias em quadradinhos... Em resumo, tudo que você possa imaginar para tornar este dia numa data que nunca se esqueça, uma data de mudança real.
O conhecimento é livre,

Nós somos anónimos,
Nós somos uma legião.
Não perdoamos,
Não esquecemos.
Esperem-nos,15.O


Manifesto nacional 15 de Outubro

Em adesão ao protesto internacional convocado pelos movimentos 'indignados' e 'democracia real ya', em Espanha, ocorrerá, no Porto, uma manifestação sob o tema 'a democracia sai à rua', no dia 15 de Outubro de 2011. As razões que nos levam para a rua são muitas e diferentes, de pessoa para pessoa, de país para país - não querendo fechar o protesto a outras exigências de liberdade e de democracia, mas para que se saiba porque saímos para a rua, tentámos, entre os que estão a ajudar na organização e na divulgação do 15 de Outubro, encontrar as reivindicações que nos são comuns - entre nós e relativamente aos outros gritos das outras praças, nas ruas de todo o mundo:
Dos EUA a Bruxelas, da Grécia à Bolívia, da Espanha à Tunísia, a crise do capitalismo acentua-se. Os causadores da crise impõem as receitas para a sua superação: transferir fundos públicos para entidades financeiras privadas e, enquanto isso, fazer-nos pagar a factura através de planos de pretenso resgate. Na UE, os ataques dos mercados financeiros sobre as dívidas soberanas chantageiam governos cobardes e sequestram parlamentos, que adoptam medidas injustas, de costas voltadas para os seus povos. As instituições europeias, longe de tomar decisões políticas firmes frente aos ataques dos mercados financeiros, alinham com eles.
Desde o começo desta crise assistimos à tentativa de conversão de dívida privada em dívida pública, num exemplo de nacionalização dos prejuízos, após terem sido privatizados os lucros. Os altos juros impostos ao financiamento dos nossos países não derivam de nenhuma dúvida sobre a nossa solvência, mas sim das manobras especulativas que as grandes corporações financeiras, em conivência com as agências de rating, realizam para se enriquecerem. Os cortes económicos vêm acompanhados de restrições às liberdades democráticas - entre elas, as medidas de controlo sobre a livre circulação dos europeus na UE e a expulsão das populações migrantes. Apenas os capitais especulativos têm as fronteiras abertas. Estamos submetidos a uma mentira colectiva.
A dívida privada é bem maior que a dívida pública e a crise deve-se a um processo de desindustrialização e de políticas irresponsáveis dos sucessivos governos e não a um povo que "vive acima das suas possibilidades" – o povo, esse, vê diariamente os seus direitos e património agredidos. Pelo contrário, o sector privado financeiro - maior beneficiário da especulação - em vez de lhe aplicarem medidas de austeridade, vê o seu regime de excepção erigido. As políticas de ajuste estrutural que se estão a implementar não nos vão tirar da crise – vão aprofundá-la. Arrastam-nos a uma situação limite que implica resgates aos bancos credores, resgates esses que são na realidade sequestros da nossa liberdade e dos nossos direitos, das nossas economias familiares e do nosso património público e comum. É preciso indignarmo-nos e revoltarmo-nos ante semelhantes abusos de poder.
Em Portugal, foi imposto como única saída o memorando da troika – têm-nos dito que os cortes, a austeridade e os novos impostos à população são sacrifícios necessários para fazer o país sair da crise e para fazer diminuir a dívida. Estão a mentir! A cada dia tomam novas medidas, cortam ou congelam salários, o desemprego dispara, as pessoas emigram. E a dívida não pára de aumentar, porque os novos empréstimos destinam-se a pagar os enormes juros aos credores – o déficit dos países do sul europeu torna-se o lucro dos bancos dos países ricos do norte. Destroem a nossa economia para vender a terra e os bens públicos a preço de saldo.
Não são os salários e as pensões os responsáveis pelo crescer da dívida. Os responsáveis são as transferências de capital público para o sector financeiro, a especulação bolsista e as grandes corporações e empresas que não pagam impostos. Precisamos de incentivos à criação de emprego e da subida do salário mínimo (em Portugal o salário mínimo são 485€, e desde 2006 duplicou o número de trabalhadores que ganham apenas o salário mínimo) para sairmos do ciclo recessivo.
Por isso, nós dizemos:
- retirem o memorando. vão embora. não queremos o governo do FMI e da troika!
- nacionalização da banca – com os planos de resgate, o estado tem pago à banca para especular
- abram as contas da dívida – queremos saber para onde foi o dinheiro
- não ao pagamento da dívida ilegítima. esta dívida não é nossa – não devemos nada, não vendemos nada, não vamos pagar nada!
- queremos ver redistribuídas radicalmente as riquezas e a política fiscal mudada, para fazer pagar mais a quem mais tem: aos banqueiros, ao capital e aos que não pagam impostos.
- queremos o controlo popular democrático sobre a economia e a produção.
- não queremos a privatização da água, nem os aumentos nos preços dos transportes públicos, nem o aumento do IVA na electricidade e no gás.
- queremos trabalho com direitos, zero precários na função pública (em Portugal o maior contratador de precários é o estado), a fiscalização efectiva do cumprimento das leis laborais e o aumento do salário mínimo.
- queremos ver assegurados gratuitamente e com qualidade os direitos fundamentais: saúde, educação, justiça.
- queremos o fim dos ajustes directos na administração pública e transparência nos concursos para admissão de pessoal, bem como nas obras e aquisições do estado.
- queremos mais democracia:
- queremos a eleição directa de todos os representantes cargos públicos, políticos e económicos: dos responsáveis pelo Banco de Portugal ao Banco Central Europeu, da Comissão Europeia ao Procurador Geral da República
- queremos mais transparência no processo democrático: que os partidos apresentem a eleições, não somente os programas mas também as equipas governativas propostas à votação.
- queremos mandatos revogáveis nos cargos públicos - os representantes são eleitos para cumprirem um programa, pelo que queremos que seja criada uma forma democrática para revogação de mandato em caso de incumprimento do mesmo programa;
Nº de manifestantes Lisboa -100 mil
Nº de manifestantes Porto – 10 mil
A análise das comparações ficará para a Parte II.



19 de outubro de 2011

O tempo é de luta! O tempo é de resistência!


O tempo é de luta! O tempo é de resistência!
A divulgação das últimas medidas do “plano de austeridade” são um verdadeiro choque. São um choque para aqueles que obstinadamente continuam a arregimentar com a carneirada, com o fatalista discurso do “vivemos acima das nossas possibilidades”, para os que angelicamente acharam que como por artes de magia a Troika iria resolver os problemas do pais, claro que pedindo alguns sacrifícios, mas também seria para os do costume, essa cambada de párias que são os funcionários públicos.
Pois companheiros, os tempos continuam e continuarão a ser, cada vez mais, de luta e resistência!
Dizia há uns dias atrás Jerónimo de Sousa que “a miséria do fascismo” está aí de novo. Permitam-me acrescentar que esta miséria é transversal. É uma miséria que vai da precariedade económica e social, até à precariedade dos meios de comunicação e das próprias instituições, supostamente as guardiãs da Democracia. Está aí de novo o Fascismo! De uma forma bem mais perversa, porque muito melhor camuflado.
Que tristeza assola o meu peito ao ver a maioria a anuir com estes facínoras, sim a maioria, porque não restem dúvidas que se novas eleições houvessem, estes crápulas ganhariam de novo!
Por isso temos responsabilidades acrescidas "- Responsabilidade de quê? - A responsabilidade de ter olhos quando os outros os perderam" como dizia José Saramago. Aparentemente poderemos parecer em menor número, pois apenas aproximadamente 20% estão contra este projeto. Todavia haverá que contar com 50% dos portugueses que não votaram (e que aliás há muito que se demitiram de intervir, o que me faz lembrar uma frase de Jose Marti “Não pode queixar-se da escravidão quem não usa as mãos para romper seus grilhões; se os suporta é porque é digno de sofrê-los.”). Mas estes mesmos 50% podem traduzir-se num campo de manobra potencialmente bem mais vasto do que aquele que aparentam ser, numa primeira análise, os apenas 20% manifestamente contra esta sanha neoliberal. E se conseguirmos fazer chegar o sentimento de que “Quem não se sentir ofendido com a ofensa feita a outros homens, quem não sentir na face a queimadura da bofetada dada noutra face, seja qual for a sua cor, não é digno de ser homem”, proposto por Jose Marti? Eu sei que pode ser pedir muito, mas este é o tempo! E como hoje estou numa de citações -”As etapas dos povos não se contam por suas épocas de sentimento infrutífero, mas sim por seus instantes de rebelião. Os homens que cedem não são os que fazem as nações, e sim os que se rebelam.” E este é o tempo - que não restem duvidas - este é tempo para lutar mais e mais, reinventar novas formas de luta, resistir, unificar a acção, eu sei lá que mais!
É o tempo de perceber que o problema ultrapassa em muito o Sócrates, o Passos Coelho, o Portas, o Vítor Gaspar, o Sarkosy, a Merkel e todos os políticos de pacotilha deste mundo. O problema é como sempre o dinheiro, o capital, quem o detém (alguém sabe?), o que o move e seus respetivos interesses. Quantas vezes vi a anunciarem à vez, o fim do Capitalismo e também do Comunismo. E no entanto há muito que não se via uma tão feroz investida do capitalismo, sob essa sua mão enluvada que são os mercados e as suas políticas. Política que pretendem que seja o povo a pagar o reequilíbrio necessário para o normal funcionamento das nações. Mas essas mãos enluvadas são assim para que não saibamos, no fim, quem nos empurrou para uma nova escravidão. Sim, porque os donos dessas mãos enluvadas são os senhores feudais (da alta finança) que nunca se conformaram com a Liberdade de um qualquer povo. Acreditam no povo para que este produza para eles, tenha filhos para eles, sempre sob o jugo da inevitabilidade perpetuado nos discursos com que nos vão emprenhando pelos ouvidos todos os dias. São mãos enluvadas para que não fiquem ”sujas” com o sangue dos que todos os dias sucumbem às suas mãos, para que não se consporquem com a carne podre das crianças que morrem de fome todos os dias por todo o mundo e daqueles que por lutarem são mandados “calar” definitivamente. Pois daqui vos digo que nada impedirá que vossas mãos estejam marcadas com esse ódio e esse sangue desde sempre e para sempre.
Mas não será assim toda a vida, há sempre alguns que escapam ao padrão de formatação e esses – queremos e cremos que cada vez mais - têm obrigações acrescidas de lutar e de abrir consciências, esses são os que provam que afinal o Comunismo também não morreu, está vivo e bem vivo em cada um de nós, em cada luta, em cada ato de resistência, em cada combate. Sabendo que esta luta dá frutos, vem dando ao longo dos anos, vem provando ser solução e ser caminho. É agora tempo de redobrar forças. Lutar por nós e cada vez mais pela geração seguinte, a dos nossos filhos para que quebrem os grilhões e cresçam como homens livres.
O que eu sei é que “quando nos julgarem bem seguros, cercados de bastões e fortalezas, hão-de ruir em estrondo os altos muros e chegará o dia das surpresas."- José Saramago.
Por isso até já camaradas, encontramo-nos por ai numa qualquer greve, manifestação ou protesto.



9 de agosto de 2011

Discurso do embaixador mexicano na Conferência de Chefes de Estado da União Europeia (não é, mas podia ser...)



"Aqui estou eu, descendente dos que povoaram a América há 40 mil anos,
para encontrar os que a "descobriram" há 500...
O irmão europeu da alfândega pediu-me um papel escrito, um visto, para
poder descobrir os que me descobriram.
O irmão financeiro europeu pede ao meu país o pagamento, com juros, de
uma dívida contraída por Judas, a quem nunca autorizei que me
vendesse.
Outro irmão europeu explica-me que toda a dívida se paga com juros,
mesmo que para isso sejam vendidos seres humanos e países inteiros,
sem lhes pedir consentimento.
Eu também posso reclamar pagamento e juros.
Consta no "Arquivo da Companhia das Índias Ocidentais" que, somente
entre os anos de 1503 a 1660, chegaram a São Lucas de Barrameda 185
mil quilos de ouro e 16 milhões de quilos de prata provenientes da
América.
Teria aquilo sido um saque?
Não acredito, porque seria pensar que os irmãos cristãos faltaram ao
sétimo mandamento!
Teria sido espoliação?
Guarda-me Tanatzin de me convencer que os europeus, como Caim, matam e
negam o sangue do irmão.
Teria sido genocídio?
Isso seria dar crédito aos caluniadores, como Bartolomeu de Las Casas
ou Arturo Uslar Pietri, que afirmam que a arrancada do capitalismo e a
actual civilização europeia se devem à inundação dos metais preciosos
tirados das Américas.
Não, esses 185 mil quilos de ouro e 16 milhões de quilos de prata
foram o primeiro de tantos empréstimos amigáveis da América destinados
ao desenvolvimento da Europa.
O contrário disso seria presumir a existência de crimes de guerra, o
que daria direito a exigir não apenas a devolução, mas uma
indemnização por perdas e danos.
Prefiro pensar na hipótese menos ofensiva.
Tão fabulosa exportação de capitais não foi mais do que o início de um
plano "MARSHALL MONTEZUMA", para garantir a reconstrução da Europa
arruinada pelas suas deploráveis guerras contra os muçulmanos,
criadores da álgebra e de outras conquistas da civilização.
Para celebrar o quinto centenário desse empréstimo, podemos perguntar:
Os irmãos europeus fizeram uso racional responsável ou pelo menos
produtivo desses fundos?
Não. No aspecto estratégico, delapidaram-nos nas batalhas de Lepanto,
em navios invencíveis, em terceiros reichs e várias outras formas de
extermínio mútuo. No aspecto financeiro, foram incapazes - depois de
uma moratória de 500 anos - tanto de amortizar capital e juros, como
de se tornarem independentes das rendas líquidas, das matérias-primas
e da energia barata que lhes exporta e provê todo o Terceiro Mundo.
Este quadro corrobora a afirmação de Milton Friedman, segundo a qual
uma economia subsidiada jamais pode funcionar, o que nos obriga a
reclamar-lhes, para o seu próprio bem, o pagamento do capital e dos
juros que, tão generosamente, temos demorado todos estes séculos para
cobrar.
Ao dizer isto, esclarecemos que não nos rebaixaremos a cobrar dos
nossos irmãos europeus, as mesmas vis e sanguinárias taxas de 20% e
até 30% de juros ao ano que os irmãos europeus cobram dos povos do
Terceiro Mundo.
Limitar-nos-emos a exigir a devolução dos metais preciosos, acrescida
de um módico juro de 10%, acumulado apenas durante os últimos 300
anos, concedendo-lhes 200 anos de bónus. Feitas as contas a partir
desta base e aplicando a fórmula europeia de juros compostos,
concluimos, e disso informamos os nossos descobridores, que nos devem
não os 185 mil quilos de ouro e 16 milhões de quilos de prata, mas
aqueles valores elevados à potência de 300, número para cuja expressão
total será necessário expandir o planeta Terra.
Muito peso em ouro e prata... quanto pesariam se calculados em sangue?
Admitir que a Europa, em meio milénio, não conseguiu gerar riquezas
suficientes para estes módicos juros, seria admitir o seu absoluto
fracasso financeiro e a demência e irracionalidade dos conceitos
capitalistas.
Tais questões metafísicas, desde já, não nos inquietam a nós, índios da América.
Porém, exigimos a assinatura de uma carta de intenções que enquadre os
povos devedores do Velho Continente na obrigação do pagamento da
dívida, sob pena de privatização ou conversão da Europa, de forma tal,
que seja possível um processo de entrega de terras, como primeira
prestação de dívida histórica..."


Este texto de autor desconhecido, tem sido apresentado de diversas formas fraudulentas. Fica apenas o texto, pois vale pela força das suas ideias enão pelo contexto e/ou qualidade do autor e apresentação.



30 de abril de 2011

Ciao Banda Bassotti, salut Babylon Circus



Banda Bassotti, formação musical nascida em 1981, num bairro operário da periferia de Roma e no seio do movimento Red Skin, com um constituição originalmente composta somente por trabalhadores da construção civil.

Significando em italiano Irmãos Metralha, Banda Bassotti, produz um muito “materialista” som ska, punk e Oi, em que a estética perde em favor da força das palavras e das ideias. Sem constrangimentos quanto à sua origem, sem pudor quanto à simpatia por diferentes projectos e/ou movimentos comunistas do séc. XX e por tudo o que ajudaram a conquistar e construir! É património que qualquer revolucionário deve orgulhosamente assumir e que cantado em italiano se traduz concerteza, na melhor banda italiana de ska/punk.

Não existirá agrupamento com tão evidente consciência de classe, disposto a roubar espaço ao campo da produção mais ou menos burguesa do punk, na perfeita sublimação do ideal de que a música é para o povo, mas sobretudo é e será sempre do povo.

As músicas aqui apresentadas "Stalingrado", "Figli della stessa rabbia", "Bella ciao", e muitas outras, são tidas como clássicas da banda. O seu último álbum "Viento, lucha y sol" foi muito elogiado pelos apreciadores, mas por terras lusas não chegou a ver a luz do dia.

Ficam connosco, não ficam Maria?

Vamos agora dar lugar aos franceses Babylon Circus, considerados por muitos e apenas como a melhor banda ao-vivo da actualidade. Vamos viajar Maria?

27 de abril de 2011

Alfredo “Danoninho” Barroso





Perguntar-vos-eis a que propósito, adorno com tão nutritivo middle name, aquele a que por familiaridade, adoptamos como o primo da república portuguesa. Ainda que todos ou quase todos, por força dos nossos valores estéticos e idiossincrasia mediterrânica, sejamos incapazes de o guardarmos na nossa memória colectiva, nos mesmos preparos em que se nos apresenta a dita prima.
Afastado que me acho da actual actualidade (sem qualquer redundância), que me aborrece de tão repetitiva e pouco estimulante se nos apresentar, esbarrei
neste generoso e acutilante artigo, escrito pela pena daquele a quem venho dedicando o presente texto.
Lido o artigo, apoderaram-se de mim sensações semelhantes às que me fustigam e por vezes consomem, quando me deixo abraçar pelas bizarras personagens que povoam os universos cinematográficos de David Lynch ou Jean-Pierre Jeunet.
Dei por mim a imaginar um seráfico e sisudo orador, perante uma plateia generosamente disposta a acolher a emoção de um discurso que, merecendo ser lido a partir das entranhas da alma, segue num triste e apagado registo monocórdico. Em tons de cinza, como merecem tais prestações e correspondentes ouvintes, a cena vai-se desenrolando ao mesmo ritmo que o imposto pelos académicos quando a sua emoção, obstinada e teimosamente, se opõe à sua razão.
E segue assim o discurso até que muito tenuemente e contra a vontade do seu dono, o corpo se entrega à tarefa de denunciar o conflito interno entre, o esclarecido e o militante, primo da república.
A denúncia de tal compulsão adivinha-se pelos primeiros e involuntários cerrar de olhos, cada vez mais frequentes e cada vez mais prolongados. Perante a sua resistência, o corpo do orador não desarma e espalha a praga dos impulsos a movimentos involuntários da cabeça e dos bracitos, denunciando “le grand finale” que se avizinha, sem termos a certeza que ao mesmo pretendamos assistir.
E eis que entrado no capítulo reservado a Portugal, o corpo toma conta da mente, a emoção ultrapassa a razão e com pozinhos de perlimpimpim generosamente servidos pelo realizador da fatela película, se dá um estrondo e dissipando-se lentamente uma cortina de fumo que estas ocasiões exigem, se vão denunciando as formas a que as secretas vontades do orador o levam, podendo então vislumbrar-se em todo o esplendor que as lantejoulas lhe conferem, o sisudo orador travestido de bailarina de cabaré.
A plateia composta por estudantes ávidos em beberem sabedoria das palavras brotadas pelo orador, por cegos, por tolos, por mal amados ou gulosos e por crentes, divide-se entre aplausos, gargalhas e silêncios. Os estudantes ficam à rasca e resolvem logo ali que a coisa deve ser resolvida na rua, numa qualquer manifestação de enrascados. Os tolos e os cegos, aplaudem efusivamente tão ousado discurso. Os mal amados e os gulosos, entusiasmam-se com a travessura a com a possibilidade em visitarem o artísta na intimidade do seu camarim.
Os crentes, grupo no qual me incluo por vício e teimosia em acreditar, para além de qualquer evidência, nesta humanidade, ficam a pensar. “Só mais um bocadinho e chegas lá! Com Danoninho, hás-de lá chegar…”



P.S. Agora sem ironia. Entre muitos outros artigos produzidos pela intelectualidade do PS, que teima em mentirosamente se designar de socialista, este artigo apresenta-se como um verdadeiro “case study” da desonestidade intelectual lusa.



8 de abril de 2011

O começo do caminho




Veremos o que isto vai dar. A decisão de concorrer separadamente às eleições já é conhecida, mas a crise e a instabilidade política estão aí para ficar. Esperemos que desta discussão surja realmente uma alternativa de esquerda que mobilize o país.


Terra de ratos




Retirado do blog   o tempo das cerejas


7 de abril de 2011

Banca - Lucro, ambição e poder




Os bancos anunciaram que vão deixar de emprestar dinheiro ao Estado, os banqueiros falaram e imediatamente Portugal pediu ajuda através de um resgate financeiro. Se alguém tivesse dúvidas sobre o poder dos bancos privados elas ficariam imediatamente dissipadas, o poder económico sobrepõem-se ao poder político, domina-o de forma a salvaguardar os interesses da alta finança.

Os banqueiros mandam em Portugal, actuam em conformidade com a lei do mais forte, os roubos ao Estado e ao povo português são constantes, custa admitir, mas a verdade é que estamos nas mãos destes assassinos da economia com o compadrio dos nossos representantes políticos, juntos manipulam tudo e todos, através da chantagem do colapso do sistema financeiro português.

Estes mesmos bancos que tiveram lucros fabulosos à custa da divida publica portuguesa, vêm agora dizer que não emprestam mais dinheiro ao Estado, aos seus parceiros de sempre, os tais que sempre agiram de forma a salvaguardar os seus interesses. Quase não pagam impostos e quando o fazem entopem os tribunais com acções para que isso não aconteça. Pedem dinheiro emprestado ao BCE a 1% e concedem empréstimos ao Estado cobrando 5 ou 6% de juros, aumentando assim e desta forma os lucros registados. Desviam milhões para offshores, mas se passarem por dificuldades, têm garantido pelo estado uma verba de muitos mil milhões de euros para financiamento, se for necessário salva-los.

Ser banqueiro é das actividades mais lucrativas e um dos grandes males do desequilíbrio social e da balança fiscal que se verifica em Portugal, é urgente taxar os bancos devidamente. Se apresentam lucros, distribuem o dinheiro pelos accionistas, se tiverem prejuízos e entrarem em falência são salvos com o dinheiro do povo, vale a pena ser banqueiro, não há risco nenhum.

Os nossos bancos têm como exemplo aquilo que se passa lá fora e tudo isto é feito com a "supervisão" e o aval do BCE através da total desregulação dos mercados, os tais mercados. Os mercados da dívida pública são os bancos, são eles que especulam, são os bancos que lucram milhões à custa da especulação em torno das dívidas públicas dos Estados, é preciso acabar com isto. A solução passaria pela compra directa de divida pública pelo BCE aos Estados em dificuldades e não como acontece neste momento em que compra é realizada por vários bancos, principalmente alemães e franceses. Todos eles pedem dinheiro emprestado ao BCE com taxas de 1% e vendem-na com taxas de juros muito superiores, especulando sobre as dificuldades dos países. Tal e qual como os bancos portugueses fazem, agravado pelo facto de estes o fazerem com a nossa própria dívida.

Ao contrário que nos querem fazer crer esta crise mundial não é económica, é financeira. Esta crise foi criada pelos bancos, no entanto e por muito estranho que possa parecer os bancos registam os maiores lucros de sempre. Causaram esta crise através de esquemas fraudulentos, os principais bancos do mundo venderam derivados fraudulentos e instrumentos de falsificação financeira. Agora dizem aos governantes dos países para criarem planos de austeridade, aumentando os impostos, cortando os gastos públicos na saúde e educação. Passem para cá mais dinheiro porque se não fizerem o que nós queremos, podemos implodir a economia e é o colapso total. Ou seja, tudo vai para os bancos privados, essa é a austeridade, cortando nos orçamentos tudo o que beneficia a população e transferindo toda a riqueza para eles. Todas as soluções que nos apresentam são para consolidar o próprio poder.

É importante investigar e agir em conformidade, obriga-los a responder por esta crise,  se alguém tem de a pagar são eles e não nós. Sobre a dívida externa, já publicamos no FogeMariaFoge um artigo que apresenta uma solução interessante.