16 de outubro de 2010

Dia Mundial da Alimentação e da Luta Contra a Fome





Uma alimentação saudável ganha cada vez mais importância no nosso quotidiano, o excesso de peso e obesidade crescem, em especial, nos países mais desenvolvidos. A situação é tão grave, que a Organização Mundial de Saúde chama-lhe, a “epidemia do século XXI”. Informar melhor as crianças acerca das propriedades dos alimentos, educá-los de forma a alimentarem-se melhor e mostrar como a nutrição é essencial para um crescimento saudável. Mas isto é para quem tem acesso aos alimentos...

Este dia, tem como principal objectivo, a Luta Contra a Fome, este ano sob o lema “Unidos contra a Fome”. A fome continua a ser o maior escândalo e a maior tragédia humana no mundo! Todos nós sabemos deste problema gravíssimo e mesmo assim não lhe damos a devida importância. Informou a ONU no último relatório, que 925 milhões de pessoas passam fome no mundo, que a cada seis segundos morre uma criança de doenças relacionadas com a fome… Vou escrever isto outra vez: De 6 em 6 segundos morre uma criança devido à fome! São mais de cinco milhões de crianças por ano!


Todos nós devemos envergonhar-nos por isso. O mundo tem de adoptar estratégias e colocar em prática melhores medidas, com programas de apoio bem estruturados para combater este problema terrível. As causas da fome no mundo são várias. Aparentemente, a fome não existe por falta de produção de alimentos, mas sim pela má distribuição de riquezas, principalmente nos países pouco desenvolvidos, em que o capital é concentrado nas mãos da minoria, em detrimento da maioria. Na maioria dos países, é muito mais fácil encontrar pessoas que passam fome em contextos rurais, do que em contextos urbanos.
O mundo produz alimentos suficientes para alimentar 12 biliões de pessoas, que é duas vezes mais a população mundial. Passa também pelo facto de os países mais ricos, não contribuírem com verdadeiras ajudas aos países mais pobres, está na mão destes países o primeiro passo, e a começar pelo consumismo, estima-se que para sustentar um nível de consumismo na China semelhante ao dos EUA, seriam necessários seis planetas iguais ao nosso. Outra coisa para reflectir: O dinheiro necessário para providenciar alimentos, água, educação, saúde e habitação de maneira suficiente para todos, durante um ano, corresponde a quanto o mundo inteiro gasta, em menos de um mês na compra de armas. No mesmo comércio de armas por ano, gasta mais de um trilião de dólares, enquanto cerca de um bilião de seres humanos passa fome todos os dias.

Para ajudar a compreender a indiferença, com que os poderosos líderes políticos abordam este tema, temos o exemplo da cimeira do G8 sobre a fome, realizada no Japão em 2008.
Ao jantar, os líderes das economias mais industrializadas do mundo, tiveram como ementa: Trufas pretas, caranguejos gigantes, cordeiro assado com cogumelos, bolbos de lírio de Inverno, supremos de galinha com espuma de raiz de beterraba e uma selecção de queijos acompanhados de mel e amêndoas caramelizadas eram apenas alguns dos pratos à disposição dos líderes mundiais, que acompanharam a refeição da noite com cinco vinhos diferentes, entre os quais um Château-Grillet 2005, que está avaliado em casas da especialidade online a cerca de 70 euros cada garrafa. Não faltou também caviar legítimo com champanhe, salmão fumado, bifes de vaca de Quioto e espargos brancos. Nas refeições estiveram envolvidos 25 chefs japoneses e estrangeiros, entre os quais alguns galardoados com as afamadas três estrelas do Guia Michelin.
A cimeira do G8, realizada no Japão, custou um total de 358 milhões de euros, o suficiente para comprar 100 milhões de mosquiteiros que ajudam a impedir a propagação da malária em África ou quatro milhões de doentes com sida. Só o centro de imprensa, construído propositadamente para o evento, custou 30 milhões de euros.
Para assinalar este dia, o Programa Alimentar Mundial, divulga uma lista de 10 maneiras de ajudar a combater a fome, publicada no seu site www.wfp.org (em inglês). Uma delas é o portal FreeRice.com, um questionário on-line de diversos temas, por cada resposta correcta são doados 10 gramas de arroz para projectos da agência. Há ainda uma sugestão para que professores e alunos discutam na sala de aula a questão da fome. Aprender mais sobre nutrição em apenas dois minutos, através de um vídeo de animação.
E também um jogo virtual. O Food Force: um jogo humanitário e didáctico para adultos e crianças que simula os desafios logísticos na entrega da ajuda alimentar numa grave crise humanitária.


* Link para download do jogo Food Force 


Ilustração: Pintura de Cândido Portinari, Criança Morta (Criatura muerta), 1944

2 comentários:

  1. Boas,

    Segundo o Relatório do Programa para o Desenvolvimento das Nações Unidas de 2001 (PNUD 2001), mais de 1,2 biliões de pessoas(pouco menos de 1/4 da população mundial) vivem na pobreza absoluta, ou seja, com um rendimento inferior a um dólar por dia e outros 2,8 biliões vivem apenas com o dobro desse rendimento. Segundo o Relatório do Desenvolvimento do Banco Mundial de 1995, o conjunto dos países pobres, onde vive 85,2% da população mundial, detém apenas 21,5% do rendimento mundial, enquanto o conjunto dos países ricos, com 14,8% da população mundial, detém 78,5% do rendimento mundial. Segundo o PNUD relativo a 1999, os 20 % da população mundial a viver nos países mais ricos detinham, em 1997, 86% do PBM (produto bruto mundial), enquanto os 20% mais pobres detinham apenas 1%. Segundo o mesmo relatório, mas relativo a 2001, no quuinto mais ricoconcentram-se 79% dos utilizadores da internet. As desigualdades neste domínio mostram o quão distantes estamos de uma sociedade de informação verdadeiramente global. A largura da banda de comunicação electrónica de São Paulo, uma das sociedades globais, é superior à de àfrica no seu todo. E a largura de banda usada em toda a América Latina é quase igual à disponível para a cidade de Seul(PNUD, 2001:3).
    A riqueza dos três mais ricos bilionários do mundo excede a soma do produto interno bruto dos 48 países menos desenvolvidos do mundo (PNUD, 2001).
    A concentração da riqueza produzida pela globalização neoliberal atinge proporções escandalosas no país que tem liderado a aplicação do novo modelo económico, os EUA. Já no final da década de 80, segundo dados do Federal reserve Bank, 1% das famílias norte-americanas detinha 40% da riqueza do país e as 20% mais ricas detinham 80% da riqueza do país.
    No domínio da saúde as cifras situam-se em parâmetros idênticos, senão vejamos:
    segundo a OMS, os países pobres têm a seu cargo 80% das doenças que ocorrem no mundo, mas não têm mais de 10% dos recursos globalmente gastos em saúde; 1/5 da população mundial não tem acesso a qualquer serviço de saúde moderno e metade da população mundial não tem acesso a medicamentos essenciais.
    Segundo o Relatório do Desenvolvimento Humano das Nações Unidas, em 1998, 968 milhões de pessoas não tinham acesso a água potável, 2,4 biliões (pouco menos de metade da população mundial) não tinham acesso a cuidados básicos de saúde, em 1998 morriam anualmente 12 milhões de crianças (com menos de 5 anos de idade) de doenças curáveis (UNICEF, 2000).
    Por exemplo, apenas 0,1% do orçamento da pesquisa médica e farmaceutica mundial - cerca de 100 milhões de dólares em 1998 (PNUD, 2001:3) - é destinado à malária, enquanto a quase totalidades dos 26,4 biliões de dólares investidos em pesquisapelas multinacionais farmaceuticas se destina às chamadas "doenças dos países ricos". Não causará admiração, porquanto a América Latina representa apenas 4% das vendas farmaceuticas, enquanto a África, apenas 1%.

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  2. Em relação à cimeira dos G8 no Japão, lembro-me perfeitamente na altura, do choque e da onda de protestos que levantou, salvo erro no Reino Unido, nunca é demais recordar a indisfarsável indiferença destes políticos ganânciosos, e nem a demência serve de desculpa.

    Parabéns pelo blog!

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