26 de fevereiro de 2011

A China ultrapassa o Japão e passa a segunda maior economia do mundo


Já era esperado por todos, a China ultrapassou o Japão em 2010 e passou a segunda maior economia do mundo, os dados divulgados durante o ano passado vieram confirmar as previsões, daí este facto assinalável, não causar nenhuma surpresa.

Um facto interessante é que a economia do Japão está em recuperação, cresceu 3.9% em 2010, o primeiro crescimento anual dos últimos três anos, mas não chegou para o enorme crescimento da economia chinesa. Apesar de terem sido durante 42 anos a segunda economia mundial e perderem esse lugar para a China, os responsáveis japoneses encaram isso como uma oportunidade. A procura sustentada do país mais populoso do mundo é vista como uma boa perspectiva de crescimento para a economia do Japão, que continua a depender da procura externa para se desenvolver, podendo subir a produção interna, as exportações e promover o turismo.

O Japão actualmente exporta mais produtos para a China do que para qualquer outro país. Os envios para a China correspondem a 19,4% das exportações totais no ano passado, enquanto que os EUA contam com 15,4%. A China é o maior mercado mundial de automóveis e o maior consumidor de energia. Em quatro anos ultrapassou a economicamente a Alemanha e o Japão, tem agora como objectivo superar os Estados Unidos já em 2020, o que é sem dúvida assinalável. 


      Comparação gráfica das duas economias nos últimos 50 anos




25 de fevereiro de 2011

Kadafi em Trip(oli)





Revolta nos EUA III - Onde está Obama?



Onde está o Obama que apareceu na TV, quando o assunto foi internacional, clamando pelo respeito dos direitos humanos e os direitos dos povos, o disse que em democracia devemos respeitar a vontade do povo?

Porque fecha os olhos ao que se está a passar no seu país?

Porque é que as estações de televisão não divulgam e os jornais escrevem muito pouco sobre este assunto?

Por cá, continuaremos a divulgar os acontecimentos da revolta popular nos EUA.

Em baixo, dois excelentes vídeos sobre o que se está a passar nos EUA, que complementam os dois últimos posts, publicados aqui no fogemariafoge:









Tradução possível no cc






24 de fevereiro de 2011

Revolta nos EUA – Continuam os protestos em Wisconsin II




O governador republicano Scott Walker, ameaça despedir 1500 trabalhadores da função pública a curto prazo e forçar outros 6000 a abandonarem os postos de trabalho durante os próximos dois anos, se a sua proposta anti-sindical para eliminar os direitos de negociação dos funcionários públicos não for aprovada.

É disto que se trata, mais do que todas as outras medidas propostas para o controlar o défice, esta é um sério ataque aos direitos dos trabalhadores, com a tentativa de abolir os direitos de negociação colectiva, e que está a causar indignação a muitos norte-americanos. Para além de Wisconsin, outros estados preparam-se para colocar em prática medidas idênticas, como em Ohio, Indiana, Tennessee, Illinois, Califórnia, Michigan, Alasca, Iowa e Nova Jersey.



Esta situação já deu origem a diversas manifestações, em várias regiões e tem provocado alguns dos maiores protestos nos EUA desde a guerra do Vietname nos anos de 1960 e 1970. 

Entretanto, Jeff Cox, um Procurador-Geral Adjunto do estado do Indiana, através do twitter, defendeu que a polícia devia usar balas verdadeiras contra os trabalhadores que se manifestam em Wisconsin, alegando que são “inimigos políticos” e “bandidos” que ameaçaram fisicamente quem foi legitimamente eleito, acrescentando: “pode ter a certeza que defendo o uso da força mortal”.
Entretanto a Procuradoria Geral de República anunciou que Jeff Cox foi afastado do cargo, depois de rever as publicações no site Mother Jones.



23 de fevereiro de 2011

José Afonso

                                                    24 anos de saudade


Apesar de só te encontrares ausente fisicamente, fazes muita falta…

A falta que fazes Zeca Afonso: o homem, o poeta, o cantor, o professor...

A falta que fazes para denunciar estes novos "vampiros" do sistema…

A falta que fazes aos jovens da sociedade de hoje…

A falta que fazem as mensagens de um símbolo da luta pela liberdade…





  

22 de fevereiro de 2011

Revolta nos EUA – Continuam os protestos em Wisconsin


                                                                                                                                      
Dos protestos que duram há uma semana, este é o maior até ao momento. Milhares de funcionários públicos de todo o estado de Wisconsin, professores, bombeiros, estudantes, milhares de trabalhadores do sector privado, escolas fechadas e polícias à procura de deputados ausentes. Os manifestantes ocuparam o Capitólio, bloquearam as portas e fixaram-se nas galerias  com palavras de ordem de “liberdade, democracia, sindicatos!”.

Exibem cartazes de protesto :  "Protesto como um egípcio" 

"Se o Egipto pode ter democracia, por que não Wisconsin"


Cerca de 75.000 pessoas protestaram no último sábado, em frente ao Capitólio da cidade de Madison, capital do Estado de Wisconsin, Estados Unidos, contra os cortes sociais propostos pelo governador republicano Scott Walker.  

Para combater o défice orçamental o governador pretende reduzir os gastos com a educação e impor uma redução efectiva de 20% no salário dos funcionários públicos. A intenção do governador é também eliminar o direito de negociação adquirido pelos funcionários públicos desde 1959.

Nos próximos dias manifestações de apoio aos manifestantes de Wisconsin serão realizadas no Nevada, Carolina do Norte e Montana, entre outros, bem como protestos em todos os estados que se preparam para aprovar medidas idênticas.

Para muitos, como o Nobel da Economia Paul Krugman, colunista do New York Times, a proposta de Walker é um sério ataque contra direitos democráticos conquistados nos últimos 50 anos. 

O senador democrata de Wisconsin, Bob Jauch. diz: "O que está a acontecer no Wisconsin é o fim do processo democrático." 







Em qualquer parte do mundo: The People United Will Never be Defeated!


Encurralado

20 de fevereiro de 2011

Ciao Modena City Ramblers, ciao Banda Bassotti



Banda que começou por ser apenas um agrupamento informal de amigos que se juntavam pelo prazer de tocar folk irlandesa para família e outros amigos e companheiros. Com Pogues e Watherboys num horizonte mais ou menos longinquo e começando a escrever os próprios temas, a banda alcançou a maioridade num registo de Folk Combat (primeira maqueta), fundindo o folk céltico, com punk e baladas extraídas da mais profícua e bela tradição musical da resistência antifascista italiana.
Nos anos que se seguiram, os Modena City Ramblers ganharam reputação como uma poderosa banda ao vivo, realizando concertos por toda a Europa e aderindo naturalmente ao circuito internacional de música progressista e de intervenção, que lamentavelmente parece nada querer com Portugal.
Assim mesmo se definem:

“A banda é composta de pessoas que compartilham um sonho: a música é um caminho que pode conduzir a uma "utopia". Esta crença baseia-se nas lições dos mestres do folk com a filosofia da revolução punk. Afinal, "qualquer lugar" é o significado da palavra utopia e como o escritor mexicano e nosso grande amigo Paco Ignacio Taibo II disse: "não se pode viver sem utopia".

Esta afirmação é obviamente verdade na mente dos milhares de admiradores que apreciam os concertos dos Modena City Ramblers!

Esperamos que na tua também, Maria!

E agora também de Itália, para te regalares Banda Bassotti.

19 de fevereiro de 2011

Desfeitas as ilusões no Brasil

O governo brasileiro liderado pela presidente recém eleita, Dilma Rousseff, anunciou, dia 9, um drástico programa de cortes orçamentais à altura de 30 mil milhões de dólares (22 mil milhões de euros), alegadamente para travar a subida da inflação, mediante a redução da despesa pública, e assim «assegurar o crescimento durável» da economia brasileira.

Os cortes, que correspondem a 1,2 por cento do PIB, afectarão todos os ministérios e são mais um motivo de contestação para os sindicatos, cuja maioria apoiou a eleição de Dilma.

Na verdade, as relações com os sindicatos agravaram-se nas últimas semanas em torno da proposta de actualização do salário mínimo. O governo encerrou unilateralmente as negociações impondo um aumento de apenas 35 reais (15.50 euros). Assim, o salário mínimo passará dos actuais 510 reais para 545 (cerca de 241 euros).

Os sindicatos exigem 580 reais e lembram à presidente que durante a campanha eleitoral prometeu um aumento real da remuneração mínima. Ora, o valor proposto mal cobre a inflação oficial que atingiu os 5,9 por cento em 2010, ano em que o Produto Interno Bruto cresceu 7,5 por cento.

Passado pouco mais de mês e meio de ter entrado em funções, o governo de Dilma tem já contra si os principais sindicatos do país, que ameaçam com um surto de greves e manifestações caso a presidente não dê o braço a torcer.

Por outro lado, o distanciamento do Irão e a aproximação aos EUA, o anúncio de privatizações e de uma reforma da Segurança Social, para além dos cortes orçamentais que se reflectirão sobre os salários dos funcionários e serviços públicos, são outros sinais claros de que o governo de Dilma, já sem as preocupações de cosmética do seu antecessor, pretende favorecer abertamente o capital monopolista à custa dos interesses e direitos dos trabalhadores e de amplas camadas da população.

Mulheres da Revolução






Vejam aqui um belíssimo trabalho da Al-Jazeera sobre o papel das mulheres na revolução egípcia.

15 de fevereiro de 2011

Entra em cena a classe trabalhadora



A revolução egípcia entrou na segunda fase, após a clara vitória do levantamento popular que resultou na saída de Mubarak.

Esta saída, apesar de ser um abalo fortíssimo, não representa o fim do regime. O poder está agora nas mãos do exército que é o pilar fundamental do regime de Mubarak e que ao longo dos 18 dias da contestação se posicionou para assumir o controlo da transição.

A entrada em cena da classe trabalhadora egípcia parece ter sido o elemento que forçou o exército a tomar a decisão de expulsar Mubarak. O activismo operário no Egipto não é novidade e nos últimos anos tem vindo a reforçar-se em condições de grande repressão. Se as gigantescas mobilizações deixavam o regime sem iniciativa, a possibilidade de paralisar a produção e privar o regime do seu sustento ditaram o desfecho. As contas que os militares fizeram são simples:

Revolta política generalizada + greve generalizada = revolução social

Daí a despacharem o esclerosado ditador para Sharm El-Sheik foi um instantinho. Vão-se os anéis, ficam os dedos.

Mas neste momento parece que o exército vê comprometida a sua autoridade para defender os dedos. Uma onda de greves está a alastrar pelo país e o exército parece por enquanto impotente para a conter. Um suposto decreto a proibir as greves não passou de um apelo televisivo a que os egípcios voltassem ao trabalho.

Um dos resultados do curso intensivo em democracia que as massas egípcias frequentaram durante 18 dias é a eliminação das barreiras entre as reivindicações económicas e as reivindicações políticas. Hoje todos sabem que a miséria era uma das ferramentas de controlo social do regime. Que não vai haver uma vida melhor sem limpar o país de todos os responsáveis políticos pelo tenebroso reinado de Mubarak.

O músculo ganho pelo movimento sindical nos últimos anos e a sua entrada em cena no momento actual são peças fundamentais para conseguir a eliminação total do antigo regime. A consciência política e capacidade de mobilização das massas é uma arma fundamental para limitar a capacidade de repressão do exército. O movimento ainda não tem um sector dirigente e esse será também um dos focos da luta dos próximos tempos. Suspeito que não deixaremos de ouvir falar do Egipto assim tão cedo.


13 de fevereiro de 2011

Mitos da revolução egípcia


Barack Obama falou ontem ao mundo. Um discurso aguardado com curiosidade por ser o principal aliado e o principal beneficiário da tirania de Mubarak. Estando na delicada posição de ter que abordar um situação cujo desfecho é ainda totalmente imprevisível mas que é por enquanto bastante desfavorável Barack Obama teve a inteligência de tecer loas aos revolucionários e de caminho começar a propagar os mitos que mais convém aos interesses dos Estados Unidos. Realço dois:

1 – Uma revolução pacífica

Quando Obama fala de uma revolução pacífica, é óbvio que o seu objectivo é desarmar a próxima revolução (Argélia? Iémen?). Numa situação tão complicada nada seria melhor do que revolucionários a enfrenta a polícia com “a força moral da não-violência”. A ideia faz um discurso bonito mas é uma grosseira distorção da realidade porque esta primeira grande vitória da revolução egípcia só foi possível porque o povo soube usar a violência. Primeiro entre os dias 25 e o dia 28 (em que a polícia desapareceu e o exército veio para a rua) as lutas de rua foram brutais, generalizadas e mortíferas. Em quatro dias de combates o povo mostrou ao regime que estava na rua para ficar. Depois, no dia 2 de Fevereiro e na madrugada do dia 3 os manifestantes da Praça Tahrir tiveram que enfrentar uma turba de mercenários de Mubarak montados em cavalos e camelos, armados com bastões, espadas e armas brancas e como mais tarde se viu, apoiados por elementos policiais com armas de fogo, e apenas com as pedras da calçada e a sua determinação em não perder a revolução, lutaram, capturam, espancaram e prenderam muitos mercenários. Resistiram uma noite inteira em que tudo parecia perto do fim. Na manhã seguinte tinham conseguido repelir o ataque, construído um sistema de barricadas e assegurado a posse da praça que se tornou o símbolo e o epicentro da revolução. Mais de 300 pessoas morreram em todo o processo, nada de muito pacífico.

2 – Ecos da história

Obama tenta integrar a revolução egípcia na linha da queda do muro de Berlim, da revolução na Indonésia em 1998 e na independência indiana (“pacificamente” liderada por Ghandi). Tudo casos em que a coisa correu bem ou seja, países que hoje estão plenamente integrados no sistema capitalista mundial. Que é este o desejo dos Estados Unidos é algo que eles não escondem, mas nesse momento trata-se apenas de um exercício de whishful thinking. Mas é também um exercício de comparações enganosas. Quando o Muro de Berlim caiu os Estados Unidos assistiam à derrota do seu principal inimigo. Quando Mubarak cai, os Estados Unidos assistem à queda de um dos seus principais aliados. Se a revolução egípcia resolver acabar com o bloqueio a Gaza veremos o que Obama vai ter a dizer sobre este insaciável apetite dos povos pelo derrube de muros.



12 de fevereiro de 2011

Uma nova humanidade nasceu na Praça Tahrir

Um relato comovente sobre a revolução egipcia para quem quer perceber a profundidade da transformação que se está a dar no Egipto. Em inglês e infelizmente sem legendas.

Este video foi colocado no youtube a 10 de Fevereiro, no dia anterior à partida de Mubarak. Foi também descaradamente copiado de um post de Renato Teixeira no 5 dias.




10 de fevereiro de 2011

O gajo é teimoso

Mubarak parece estar apostado num jogo perigoso. Como escrevi no meu último post o regime parece ter uma estratégia de dividir a população e cansar a contestação. Hoje quando a multidão eufórica esperava uma declaração de demissão recebeu mais um balde de água fria: Mubarak não se demite mas passa os poderes para o vice Omar Suleiman. Ao início da tarde o comunicado nº1 do estado-maior das forças armadas anunciando que as exigências do povo seriam satisfeitas dava a entender que o exército teria assumido o poder e assumiria o comando da transição. Neste momento não é claro qual a posição do exército, visto que o discurso de Mubarak desautorizou completamente o espírito do seu comunicado nº1. Vai tolerar Mubarak muito mais tempo e permitir que a sua teimosia leve a uma radicalização cada vez maior das massas populares?

O impasse continua então. As duas últimas semanas mostram como a situação flui rapidamente e como cada tomada de iniciativa do governo tem sido ultrapassada pelas massas quando tudo parecia começar a perder-se.

Mas agora o movimento precisa de uma mudança qualitativa para dar um golpe de misericórdia ao regime. Escrevi há dias que esse golpe poderia ser uma marcha até ao palácio presidencial. Hoje duvido que isso seja eficaz (Alá seja louvado por eu não ter qualquer influência na revolução egípcia). Primeiro manter a praça Tahrir é essencial para a sobrevivência da revolução, se o governo conseguir evacuar a praça fica com o terreno aberto para lançar uma vaga de repressão que esmagará a revolta. Segundo, face às impressionantes mobilizações da praça Tahrir, uma marcha não representa uma mudança qualitativa.

Há no entanto um facto que nos dois últimos dias começou a alterar a situação, aquilo que parece ser a entrada em cena da classe trabalhadora egípcia. No canal do Suez, nos transportes públicos, nos hospitais, nas escolas, vários sectores do trabalho entram em greve e começam a juntar-se à revolução. A praça Tahrir é uma experiência de auto-organização e auto-gestão para muitos trabalhadores que se juntam aos protestos e se esta experiência se espalhar pela indústria e serviços do país a paralise da economia forçará a burguesia egípcia a correr com Mubarak. E esse é apenas mais um passo na revolução. Eu devido que, depois de terem experimentado a liberdade, as massas egípcias voltem em paz para suas casas quando Mubarak for embora.


Décalogo de MuBarack Obama




Assegura o Livro do Êxodo que Javé/Deus ditou as Tábuas da Lei a Moisés/Profeta. Assegura o Deuteronómio que foi o próprio punho de Javé a passar a letra de forma os Dez Mandamentos. Doutos e circunspectos biblistas garantem haver Javé gravado as pedras, pois os humanos tendiam a quebrá-las. De qualquer modo, o Verbo é Divino e as dúvidas tiram-se na Guerra dos Seis Dias no Sinai ou na Escola de Gaza. A sublevação do povo egípcio vem recolocar na Agenda o papel de Deus no Médio-Oriente. Desde logo, a actualização da Lei de Moisés. Em verdade vos digo, a Lei de MuBarack Obama. De resto, o presidente dos EUA confessou ter redobrado as preces desde que o povo egípcio saiu à rua. De facto, desta vez, não foi para exibir chagas e pedir esmola. Foi para reclamar direitos e liberdades. Cansou-se de dormir nos cemitérios. Optou por dormir, com alarmes ligados, na Praça Tahrir. Mas os profetas também não dormem. Eis as Novas Tábuas da Lei (versão sugerida pelo velho católico, apostólico e romano Silvio Berlusconi e pelo cristão-novo Tony Blair: o primeiro, porque Ruby, estrela do serralho bunga-bunga/Palácio da Ordem de Malta, é egípcia e Silvio é persona grata; o segundo, porque é umcompagnon de route de serial-killers e salteadores de Enciclopédia): 


1.º Amar a Deus sobre todas as coisas.   Onde se lê Deus, ler Petróleo. 

2.º Não invocar o nome de Deus em vão.   Onde se lê Deus, ler JuDeus. 

3.º Guardar domingos e dias santos de guarda.   Onde se lê de guarda, ler da guarda. 

4.º Honrar pai e mãe e outros legítimos superiores.   Onde se lê legítimos superiores, ler superiores.


5.º Não matar.   Onde se lê não, ler só.


6.º Não pecar contra a castidade.   Onde se lê pecar, ler vacilar.


7.º Não roubar nem injustamente reter ou danificar os bens do próximo.  Onde se lê não roubar nem injustamente,      ler justamente roubar.


8.º Não levantar falsos testemunhos.   Onde se lê falsos, ler verdadeiros.


9.º Não desejar a mulher do próximo.   Onde se lê não desejar mulher do próximo, ler desejar a próxima                mulher.


10.º Não cobiçar as coisas alheias.   Onde se lê as coisas alheias, ler os 70 mil milhões do faraó. 


Assim falou Javé aos revoltosos, instando a que não se deixem guiar pela Al-Jazira nem por SMS/redes tele-sociais; que se mantenham imóveis como esfinges, tocados pelo disco solar de Ámon-Hosni, o que contempla os construtores de pirâmides com dois a três dólares e trinta chibatadas por dia. O raís falou. Disse compreender os sinais das tecnologias de ponta. Reforçou o escudo de protecção e os diplomatas de carreira e de correio entram em frenesim. Desconfiando de Alá, Javé antecipa-se e prepara um Governo para a Ditadura atravessar o Deserto da DemocraCIA. O Programa de Transição não poderia ser mais abrangente e transparente. O déspota/super-corrupto conduzirá os escravos do Nilo até Setembro. O vice-chefe do crime organizado velará pela tranquilidade dos Senhores da Região & da Globalização. Em Portugal, a ditadura mudou de ditador e chamou ao processo evolução na continuidade. Só uma revolução militar-popular interrompeu a evolução do regime, seis anos depois. Imaginemos um 25 de Abril com Américo de Deus Mubarack Tomás a presidir à sua queda e o director da PIDE, Suleiman Silva Pais, elevado a vice-presidente. Para que a múmia Hosni seja removida e toda a sua corte seja desalojada e julgada em Tribunais Populares (o TPI não julga fiéis de Javé), convidamos os democratas do Planet a dar um empurrão, ajudando uma das civilizações mais remotas da Humanidade a estilhaçar as Tábuas de MusBarack Obama.

Todos a Tahrir.
Liberation Square. 


Publicado no resistir.info

9 de fevereiro de 2011

Bancos mantêm lucros mas pagam menos impostos

Mais uma vez o (des)governo dá uma prova de ser coerente na sua politica de (des)igualdade. É o plano de austeridade a funcionar em pleno, nos cortes exigidos nos salários e pensões, os cidadãos portugueses têm a certeza que são os únicos que não podem falhar! (continuação) 




As quatro maiores instituições de crédito ganharam 3,9 milhões de euros por dia o ano passado.

Apesar de registarem 1,4 mil milhões de euros de lucro, quase o mesmo que em 2009, os bancos Espirito Santo, Santander Totta, BPI e Millenium pagaram menos 168,8 milhões de euros em impostos.

7 de fevereiro de 2011

Como conseguir um aumento de 15% para a função pública





O ditador Mubarak anunciou hoje mais uma das suas medidas para tentar conter a vaga revolucionária que varre o Egipto. Um aumento de 15% para os funcionários. Como parece que por cá ninguém sabe como isso se faz fica aqui a dica.


Empresas do Estado falham cortes exigidos pelas Finanças


Mais uma vez o (des)governo dá uma prova de ser coerente na sua politica de (des)igualdade. É o plano de austeridade a funcionar em pleno, nos cortes exigidos nos salários e pensões, os cidadãos portugueses têm a certeza que são os únicos que não podem falhar! 




Só 16 empresas cumprem os 15% de poupança. No total o corte é de 700 milhões.
Quando ainda continuam em análise os planos de poupanças de 28 empresas públicas, apesar do Ministério das Finanças ter dado como data limite para a aprovação e divulgação dos mesmos 31 de Janeiro, mais de metade das empresas do Sector Empresarial do Estado não chegam a cumprir o corte de 15% dos custos operacionais exigido pelo Programa de Estabilidade e Crescimento e pelo Orçamento do Estado para 2011.
No quadro das empresas que já foram analisadas, o gabinete de Teixeira dos Santos fala em poupanças na ordem dos 700 milhões de euros, um valor "mais de três vezes superior ao que constava do ponto de situação feito a 17 de Dezembro". Nessa altura, e com apenas 23 planos analisados, o corte dos custos operacionais era de 224 milhões de euros.
De lá para cá, a listagem que inclui as empresas que cumprem integralmente as poupanças exigidas pelo OE2011 só viu surgir mais três empresas, chegando agora às 16 entidades. Estão entre elas, o Metropolitano de Lisboa, a REN - Redes Energéticas Nacionais, a RTP e a Rave - Rede Ferroviária de Alta Velocidade.

6 de fevereiro de 2011

Não seremos mais escravos!



Lá como cá,
No Egipto ou na Europa Ocidental,

NÃO SEREMOS MAIS ESCRAVOS!





A batalha pelo Egipto




Os manifestantes continuam na Praça Tahrir. A direcção do Partido Democrático Nacional, o partido de Hosni Mubarak, demitiu-se hoje (incluído no lote está o filho pródigo Gamal Mubarak). As concessões que tem feito nos últimos dias são em primeiro lugar e acima de tudo um sinal do medo que o regime tem da mobilização popular. Mas o governo está a agir, dentro dos limites impostos pela situação, de forma calculada. A máquina de propaganda do regime não se poupa a esforços para fazer passar a mensagem que já cederam a quase todos os pedidos dos manifestantes e que a contestação já não tem razão de ser. Mubarak, esse, não se pode ir embora imediatamente senão seria o caos. E ao não ir mantém viva a principal exigência do povo Egípcio que continua presente nas ruas após quase duas semanas de protesto ininterrupto. É uma estratégia que aposta na divisão da população, claramente delineada para afastar do movimento os sectores mais hesitantes da sociedade egípcia, e no cansaço da contestação.

Mas o regime não está sozinho a tomar decisões. A seu lado os Estados Unidos estão empenhados em garantir, como já escrevi ontem, que o essencial dos seus interesses económicos e geoestratégicos permanecem intactos. E embora estes interesses não sejam compatíveis com a instabilidade que o Egipto está a viver, a Casa Branca só pode confiar no actual regime para os defender. O governo americano, que certamente está consciente que a luta de classes não é um conceito morto, percebe que a cada dia que passa os manifestantes endurecem mais a sua determinação e clarificam mais as suas ideias acerca do regime e da cumplicidade dos Estados Unidos em mantê-lo, percebe que cada dia que passa sem Mubarak se ir embora força as pessoas a tomar nas suas mãos a organização da vida social do país, e sabe também que cada dia de concentração na praça Tahrir acende a chama da revolta em mais e mais cidadãos dos outros países árabes. No fundo os Estados Unidos sabem claramente que têm que apressar a reforma caso contrário correm o sério risco de se ver a braços com uma revolução social que contagiaria irremediavelmente o mundo árabe.

Do balanço de forças deste triângulo (o povo em revolta, o governo americano e o regime de Mubarak) terá que sair uma solução nos próximos dias. Se a contestação se mantiver nas ruas em grandes mobilizações o fim de Mubarak estará por horas ou por dias. Se o povo ceder ao cansaço e às tentativas de divisão terá uma reforma light e um elite corrupta que se manterá firme no controlo dos rumos do país mesmo que Mubarak se vá embora em Setembro como já afirmou pretender.

Quanto ao exército, está a adoptar um papel que alguns apelidam de “neutral” e cujo objectivo é manter-se intacto. Tomar partido no actual conflito, seja qual partido for, poderia levar a sérias divisões entre os seus dirigentes. Mas mais temível do ponto de vista dos interesses do imperialismo e do regime, se os oficiais derem ordens para atacar o povo poderão descobrir que muitos soldados se recusarão a disparar, criando assim uma situação de colapso da hierarquia e desordem nas forças armadas. Esse é um teste que nenhum dos generais pretende fazer. Assim, mantêm-se neutrais e abrem caminho para serem a força que pode tutelar a reforma e caso de colapso do governo.


5 de fevereiro de 2011

Razões para ver a AlJazeera



A Al Jazeera continua a ser não só uma das melhores fontes de informação sobre a revolução egipcia, mas também uma promotora de análise crítica sobre o papel do ocidente na estrutura política do Mádio Oriente. Hoje foi transmitida uma bela entrevista com dois conhecidos pensadores de esquerda: Tarik Ramadan e Slavoj Zizek. A não perder em


http://english.aljazeera.net/programmes/rizkhan/2011/02/2011238843342531.html

Mulheres na revolução






4 de fevereiro de 2011

Impasse




Após a batalha da Praça Tahrir o “dia da partida”. Milhões na rua por todo o país, uma demonstração de força e determinação impressionantes, mas mesmo assim o ditador não se vai embora. Não creio que este impasse seja um acaso.


Primeiro, a revolução já esgotou a sua capacidade de progredir confinada à Praça Tahrir. O regime precisa de um golpe de misericórdia, ou seja uma marcha de milhões rumo ao palácio presidencial. As massas estão impacientes para derrubar a ditadura mas não há direcção com capacidade e com vontade de conduzir a luta para um patamar mais elevado capaz de desferir o tal golpe de misericórdia.


Segundo, está certamente a haver negociações entre o governo e a oposição e talvez seja essa a razão do impasse e que faz com que os dirigentes da oposição não organizem a luta. Está claro que os partidos da oposição perderão toda a credibilidade e apoio popular se aceitarem uma transição tutelada por Mubarak. O que deve estar a acontecer é a definição dos termos da saída de Mubarak, que para mim parece cada vez mais inevitável. Nestas negociações estão obviamente envolvidos os Estados Unidos a tentar garantir a inviolabilidade dos seus interesses geoestratégicos. Não será difícil portanto adivinhar o preço da saída de Mubarak: a estabilidade institucional (ou seja, uma presença do velho regime) na definição do processo de transição, a estabilidade da ligação com os Estados Unidos, a inviolabilidade do acordo de paz com Israel e a continuação do cerco a Gaza. Mas mesmo que isto aconteça falta saber como vai reagir o povo a uma tal negociata.


Os manifestantes continuam na praça mas há neste momento um silêncio impenetrável. Há manifestações convocadas para domingo, segunda e terça.


3 de fevereiro de 2011

Uma batalha vencida, falta ganhar a guerra


O dia de ontem ficará na história como um dos mais brilhantes e corajosos episódios da luta de classes. Os manifestantes anti-Mubarak lutaram toda a noite contra forças organizadas pela polícia do regime, organizaram barricadas, fizeram recuar os mercenários de Mubarak e conseguiram manter o controlo da praça Tahrir. No entanto a situação permanece tensa e indefinida, há milícias pró-Mubarak à solta pela cidade e não está excluida a possibilidade de um assalto armado à praça para liquidar de vez a revolução. Mas por enquanto a determinação dos revolucionários está aparentemente a deixar o regime nervoso. Foram anunciadas medidas contra ex-ministros como a proibição de viajar imposta ao ex-ministro do interior, o vice-presidente deu uma longa entrevista anunciando contactos com a oposição e a disponibilidade para fazer reformas (embora dentro do âmbito da constituição, o que obviamente é uma garantia muito pouco fiável) e o próprio Mubarak vem anunciar que está farto da vida política e que gostaria de se reformar não fosse o caos que isso poderia causar.

As declarações dos lideres ocidentais são um exemplo de hipocrisia em relação ao Egipto. Exigem o respeito pelas liberdades dos opositores mas não dizem aquilo que é a principal exigência dos revolucionários: Mubarak tem que sair já. Compreende-se a hesitação dos governos ocidentais, afinal o Egipto é o país fulcral na arquitectura repressiva que foi montada para proteger os interesses ocidentais no Médio Oriente. Por isso muitas movimentações se estarão a realizar nas embaixadas para tentar que algo mude para que tudo fique na mesma.

Mas não há conspiração diplomática que possa vingar se o movimento se mantiver determinado no seu rumo. A Irmandade Muçulmana, o mais organizado movimento de oposição (e o fantasma de muitos senhores comentadores preocupados com a desordem e o aumento do preço da gasolina) já anunciou que não negoceia nada enquanto Mubarak for presidente.

Amanhã está convocada uma grande concentração, “o dia da partida”, que a oposição espera ser o golpe final no regime de Mubarak. Inshalá!