21 de dezembro de 2010

Carta ao Menino Jesus

“Lida propriamente, a Bíblia é a força mais potente para o ateísmo jamais concebida.” Isaac Asimov


“Cristianismo: Mais seguro do que uma lobotomia, mas tão eficaz quanto uma.” Anónimo


“Que arma! A fé religiosa merece um capítulo para si mesma nos anais da tecnologia de guerra em pé de igualdade com o arco-e-flecha, o cavalo de guerra, o tanque, e a bomba de hidrogênio.” Richard Dawkins, O Gene Egoísta


“Acredito hoje que estou agindo de acordo com o Criador Todo-Poderoso. Ao repelir os Judeus estou lutando pelo trabalho do Senhor.” Adolph Hitler, Discurso, Reichstag, 1936






Querido Menino Jesus:


Desde pequenino que deixei de Te escrever. É que ando um pouco triste com tudo o que se passou no mundo desde os tempos bliblicos, em que Tu estavas muito mais presente. Mas agora que li as escrituras com mais atenção, percebi que estás ausente porque afinal, deve estar tudo a correr conforme os Teus planos. E nós não podemos tentar perceber os Teus designios.
Quando uma mancha de sangue inundou o Ruanda e o Iraque, quando uma bola de fogo caíu sobre Hiroxima e Nagasaki, quando o manto de nevoeiro cobriu Auschwitz, Birkenau e Monowitz e quando naus partiram de Africa com escravos e Tu ficaste à varanda a assobiar para o lado, eu fiquei triste. De que vale veres tudo, saberes tudo e poderes tudo, se nunca Te fazes presente?
Mas afinal esses eram os Teus planos. Como quando Josué matou todos os habitantes da terra conquistada, não deixando ninguem vivo, como Tu tinhas mandado (Josué 10:39-40). As vítimas têm que se resignar porque Tu estás com elas (Josué 1:9). E se as vítimas não forem tementes a Deus, tanto pior, porque o Senhor vinga-se dos seus inimigos e não deixa os culpados sem castigo (Levitico 26:21-2, Naum 1:2-3). De qualquer forma vai dar no mesmo.
Depois desta justificação e uma vez que não tenho motivos para estar chateado contigo, quero-Te pedir uma prenda especial que só Tu me podes dar. Alias, não é uma prenda, são várias.
Não vou pedir as coisas banais e sem importância que as misses pedem quando falam na televisão. Sei que nesta época natalícia deves andar demasiado ocupado para atenderes aos desejos dessa gentinha que só Te chateia para Te pedir coisas complicadas, como paz, felicidade e o fim da fome no mundo.
Eu não. Eu quero coisas bem mais simples. Quero coisas só para mim. É que eu sou um pouco como Finéias e como Tu: sou um pouco egoista e orgulhoso (Números 25:10-1).
Para começar gostaria que punisses todos os meu inimigos com um castigo verdadeiramente exemplar, até eu estar satisfeito. Por exemplo, podias fazer escapar um leão dum circo, que os despedeçasse, como fizeste com os rapazes que zombaram de Eliseu (2 Reis 2:23-4). Ou então, se isso for muito cruel, podes fazer com que caiam em desgraça, como querias fazer ao Teu povo, se ele não Te adorasse (Deuteronômio 28:53, 28:56-7, 28:63). Isso se calhar até tinha mais piada.
Se eles vão ser castigados e vão arder no inferno para toda a eternidade, só te peço para antecipares um pouco o julgamento final. O resultado é o mesmo.
Deixa-me lembrar-Te que, Tu próprio disseste, não devemos deixar os nossos inimigos sem vingança (Deuteronômio 32:41-2). Só Tu matas e fazes viver, só Tu feres e curas e ninguem Te pode impedir de fazeres o que queres (Deuteronômio 32:39).
Além disso gostava que me desses muito dinheiro e me ajudasses a vencer sempre.
Para isso precisava de uma mãozinha Tua, mas nada tão grande como quando mandaste o Teu anjo até ao acampamento dos Assírios para matar 185 000 soldados (Isaias 37:36). Nada disso. Bastava, por exemplo, fazeres como com Elias, quando mataste com fogo vindo do céu, mais de 100 soldados, que só o queriam levar até ao Rei Acazias (2 Reis 1:10-2). Isso sim é que era um castigo bem aplicado àquele policia que ontem me multou só por eu quase ter atropelado 3 pessoas que iam na passadeira. Eu bem lhe disse que é dificil conduzir e falar ao telemovel ao mesmo tempo e que os peões deviam ter o cuidado de não se atravessarem na frente dos carros. Mas ele não me quis ouvir. Nessa altura descia o fogo do ceu e ZÁS... policia no churrasco. E já agora queimava a esquadra com todos lá dentro. Isso sim era engraçado. Imagina só as noticias no dia seguinte: “Atentado à bomba em esquadra da PSP. Ministro da administração interna confirma que o autor do atentado foi um grupo terrorista denominado Black Block, com ligações à Al-qaeda e a Bin Laden”. Assim sempre podiamos mandar mais umas tropas para o Afeganistão, para apoiar esses martires da paz social, que são os Americanos. Esses sim, sacrificam os filhos da sua nação para que eu possa continuar a meter gasolina no meu carro e a comprar sapatilhas e televisores por metade do preço. Imaginem o preço desses bens se precisassemos de pagar um ordenado decente a todos os que trabalharam 16h por dia para produzir isso. O nosso modo de vida deixava de existir tal como o conhecemos.
Os Americanos são absolutamente essenciais para preservar a nossa civilização ocidental. E todos aqueles que disserem o contrário não deixes que te convençam, nem ouças o que eles disserem. Não tenhas dó nem piedade deles. Essas pessoas merecem apenas ser mortas à pedrada conforme disse o Teu Pai (Deuteronômio 13:6-9). Assim como os descrentes (Levítico 24:23). Por isso é que os Americanos são bons. Estão a fazer cumprir a palavra de Deus. Embora eles não os matem à pedrada porque é pouco rentavel. Arranjaram formas muito mais humanas de matar. E que dão menos trabalho. Com bombas e balas fazem prosperar a sua industria militar, que de outra forma não tinha futuro. Assim, juntam o útil ao agradável. Só têm de ter cuidado para não os matarem a todos, senão ficamos sem mão-de-obra barata. Como aconteceu com a colonização da América, em que quase aniquilamos toda a mão-de-obra. Mas eles devem saber isso.
Já agora repare-se no trabalho exemplar que americanos e israelitas estão a fazer na Palestina. Só tenho pena que não matem mais palestinianos. Porque isso de os palestinianos ocuparem a terra prometida só podia dar nisto. Ninguem os mandou para ali. Deviam era ser todos mortos e sofrer requintes de crueldade (Levítico 26:13-22)
Por último, gostaria que reservasses a parte mais luxuosa do paraiso só para mim, onde um dia, os meus inimigos me possam ver e ficar verdes de inveja, como fizeste com David (Salmo 23:5). Isso sim, seria a cereja em cima do bolo.
Como vez, os meus desejos são simples. Nada que o Teu Pai já não tenha feito (não é o José, é o Outro Pai, aquele que está sentado à tua esquerda).
Se conseguires fazer isso tudo vou ficar-Te eternamente agradecido.
Do teu

Vespertilio russus


Josué 10:39 – 40
39) Tomaram a cidade, o seu rei e também todas as cidades vizinhas, matando todas as pessoas dali. Josué fez com Debir e com o seu rei o mesmo que havia feito com Hebrom e Libna e com os seus reis.
40) Assim Josué conquistou toda aquela terra. Derrotou os reis que moravam nas montanhas, na região sul, nas planícies e ao pé das montanhas. Ele não deixou ninguém vivo; todos foram mortos. Era isso o que o SENHOR, o Deus de Israel, havia mandado.
Josué 1:9
9) Não to mandei eu? Esforça-te, e tem bom ânimo; não temas, nem te espantes; porque o SENHOR teu Deus está contigo, por onde quer que andes.
Levitico 26:21-2
21) E, se ainda assim vocês teimarem em pecar, em me rejeitar e em desobedecer aos meus mandamentos, eu mandarei um castigo sete vezes pior.
22)Mandarei para o meio de vocês animais selvagens que matarão os seus filhos, acabarão com o seu gado e matarão tanta gente, que não haverá ninguém para andar pelas estradas.
Naum 1:2 - 3
2) O SENHOR é um Deus que não tolera outros deuses, um Deus irado que se vinga dos seus inimigos. O SENHOR tira vingança dos seus inimigos e na sua ira os castiga.
3) O SENHOR é paciente mas poderoso e não deixa os culpados sem castigo. Ele anda pelo meio de tempestades e de ventos violentos; as nuvens são o pó que os seus pés levantam.
Numeros 25:10-1
10)Então o SENHOR Deus disse a Moisés:
11)Finéias fez com que terminasse a minha ira contra o povo de Israel. Finéias é como eu: não tolera a adoração de outros deuses além de mim. Por causa do que Finéias fez, eu, na minha ira, não destruí os israelitas.
2 Reis 2:23 – 4
23) Eliseu saiu de Jericó para ir a Betel. Ele ia andando pela estrada, quando alguns rapazes saíram de uma cidade e começaram a caçoar dele, gritando assim: —Ô seu careca, fora daqui!
24) Eliseu virou para trás, olhou firme para os rapazes e os amaldiçoou em nome de Deus, o SENHOR. Então duas ursas saíram do mato e despedaçaram quarenta e dois deles.
Deuteronomio 28:53
53) O cerco será terrível. Os moradores das cidades ficarão tão desesperados, que comerão os próprios filhos que Deus lhes deu.
Deuteronomio 28:56-7
56-57) A situação será tão terrível, que até a mulher mais delicada e carinhosa, que nunca precisou andar a pé quando saía de casa, ficará tão desesperada, que comerá, às escondidas, seu bebê recém-nascido e a placenta também. Ela será tão má, que não dará nenhum pedaço para o seu querido marido, nem para os outros filhos.
Deuteronomio 28:63
63) E assim como o SENHOR tinha prazer em abençoá-los e fazer com que aumentassem em número, assim também terá prazer em castigá-los e destruí-los. Vocês serão arrancados da terra que vão invadir e que vai ser de vocês.
Deuteronomio 32:41 – 2
41) Afiarei a minha espada brilhante e começarei a fazer justiça. Vou me vingar dos meus inimigos e castigar os que me odeiam.
42) As minhas flechas ficarão manchadas de sangue, e a minha espada matará os meus inimigos. Não escapará nenhum dos que lutam contra mim; até os prisioneiros serão mortos.”
Deuteronomio 32:39
39) Saibam todos que eu, somente eu, sou Deus; não há outro deus além de mim. Eu mato e eu faço viver; eu firo e eu curo. Ninguém pode me impedir de fazer o que quero.
Isaias 37:36
36) Então o Anjo do SENHOR foi até o acampamento dos assírios e matou cento e oitenta e cinco mil soldados. De manhã, os que sobraram viram os corpos dos mortos
2 Reis 1:10 – 12
10) Elias respondeu: —Se eu sou um homem de Deus, que venha fogo do céu e mate você e os seus soldados! No mesmo instante desceu fogo do céu e matou o oficial e os seus soldados.
11) O rei enviou outro oficial com cinqüenta soldados. Ele subiu e disse a Elias: —Homem de Deus, o rei ordenou que você desça daí agora mesmo!
12) Elias respondeu: —Se eu sou um homem de Deus, que venha fogo do céu e mate você e os seus soldados! No mesmo instante o fogo de Deus desceu e matou o oficial e os seus soldados.
Deuteronomio 13:6 – 9
6) Talvez chegue perto de você o seu irmão, ou o seu filho, ou a sua filha, ou a sua querida esposa, ou o seu melhor amigo, procurando em segredo levá-lo a adorar outros deuses que nem você nem os seus antepassados adoravam.
7) Essa pessoa pode procurar levá-lo a adorar os deuses de povos vizinhos ou de povos que vivem longe, em lugares distantes.
8) Não deixe que essa pessoa o convença, nem escute o que ela disser. Não tenha dó nem piedade dela e não procure protegê-la.
9) Mate essa pessoa a pedradas; atire a primeira pedra, e, depois, que todos os outros atirem pedras também.
Levítico 24:23
23) Então Moisés disse tudo isso aos israelitas. Aí eles pegaram o homem que havia amaldiçoado o nome de Deus e o levaram para fora do acampamento. E ali o mataram a pedradas. Assim, eles fizeram aquilo que o SENHOR havia ordenado a Moisés.
Levítico 26:13 – 17
13) Eu sou o SENHOR, o Deus de vocês. Eu os tirei do Egito para que vocês não fossem escravos dos egípcios. Eu os livrei da escravidão e os fiz andar de cabeça erguida.
14) Porém, se vocês não obedecerem a todos os meus mandamentos,
15) Se rejeitarem as minhas leis, se desprezarem as minhas ordens e se quebrarem a aliança que fiz com vocês,
16) então eu os castigarei. Mandarei desastres, e doenças, e febres que abalam a saúde e enfraquecem o corpo. Não adiantará nada semear os campos, pois os inimigos é que comerão as colheitas.
17) Ficarei contra vocês e deixarei que sejam derrotados pelos inimigos. Eles os dominarão, e vocês fugirão mesmo quando ninguém os perseguir.
Salmo 23:5
5) Preparas um banquete para mim, onde os meus inimigos me podem ver. Tu me recebes como convidado de honra e enches o meu copo até derramar.



20 de dezembro de 2010

Música para tempo de crise


Esta é uma das canções do melhor albúm do Zeca Baleiro (Líricas, lançado em 2000) e um dos melhores da música popular brasileira da actualidade. A Mariazinha tem ou não tem bom gosto?
Beijocas





14 de dezembro de 2010

Declínio e queda do império americano

Quatro cenários para o fim do século americano em 2025



Uma aterragem suave para a América daqui a 40 anos? É melhor não apostar. O desaparecimento dos Estados Unidos, enquanto superpotência global, pode chegar muito mais depressa do que se imagina. Se Washington está convencido que o fim do Século Americano será lá para 2040 ou 2050, uma avaliação mais realista das tendências internas e globais sugere que em 2025, apenas daqui a 15 anos, pode estar tudo acabado excepto a gritaria.


Apesar da aura de omnipotência que a maior parte dos impérios projecta, uma olhadela para a sua história devia lembrar-nos que eles são organismos frágeis. A sua ecologia de poder é tão frágil que, quando as coisas começam a correr mesmo mal, os impérios normalmente esboroam-se com uma rapidez impiedosa: um ano apenas para Portugal, dois anos para a União Soviética, oito anos para a França, 11 anos para os otomanos, 17 anos para a Grã-Bretanha e, com toda a probabilidade, 22 anos para os Estados Unidos, a contar do ano crucial de 2003. 

Os futuros historiadores identificarão provavelmente a imprudente invasão do Iraque da administração Bush nesse ano como o início da queda da América. Mas, ao contrário do banho de sangue que marcou o fim de tantos impérios do passado, com cidades a arder e massacres de civis, este colapso imperial do século vinte e um pode ocorrer de modo relativamente calmo através dos rebentos invisíveis do colapso económico ou da guerra cibernética. 

Mas não tenham dúvidas: quando finalmente acabar o domínio global de Washington, todos os dias haverá recordações dolorosas do que tal perda de poder significa para os americanos qualquer que seja o seu estilo de vida. Como meia dúzia de países europeus descobriram, o declínio imperialista tende a ter um impacto bastante desmoralizante numa sociedade, impondo pelo menos uma geração de privações económicas. À medida que a economia arrefece, a temperatura política sobe, estimulando frequentemente uma grave turbulência interna. 

Os dados económicos, educativos e militares indicam que, no que se refere ao poder global dos EUA, as tendências negativas convergirão rapidamente em 2020 e provavelmente atingirão uma massa crítica por volta de 2030. O Século Americano, tão triunfalmente proclamado no início da II Guerra Mundial, estará esfarrapado e moribundo em 2025, na sua oitava década, e pode pertencer ao passado em 2030. 


Publicado no resistir.info          Ler texto integral

12 de dezembro de 2010

PS - Uma farsa política



Em tempos Mário Soares, referiu que "(...) Desde o fim da guerra fria se vem a acentuar uma crise do socialismo democrático ou da social-democracia. O fenómeno mimético de certo socialismo com o neoliberalismo foi trágico e poderá explicar algumas derrotas socialistas recentes. (...)".
E, continuando no domínio da pantomima, tão do agrado do folgazão personagem, lá foi referindo que "a seguir, com o colapso do comunismo e o fim da guerra fria, o neoliberalismo avançou sem freios, dando lugar a uma forma nova e perversa do capitalismo, o capitalismo especulativo do nosso tempo, o "império" do dinheiro sem pátria, que, através das multinacionais, procura comandar o mundo, sem que para isso tenha qualquer legitimidade democrática.”

Ao contrário daqueles que juntamente com Fukuyama declararam o fim da história, considero um imperativo civilizacional que no presente se faça uma inequívoca distinção entre esquerda e direita.

Importa-me a definição clara do campo que os diferentes grupos políticos ocupam e a identificação dos interesses que defendem.
Interessa-me a clareza da sua natureza de classe. Sem subterfúgios, nem nuances de linguagem. Para que de uma vez por todas se desfaçam as confusões que alguns cretinos teimam em eternizar a fim de enfraquecerem a verdadeira esquerda.
E é neste contexto que assinalo a nociva acção que os diferentes partidos socialistas europeus desenvolveram ao longo da segunda metade do século XX.
Na verdade mais do que um desvio ideológico ou programático, os partidos socialistas europeus cumpriram um importante papel. Foram juntamente com os partidos social-democratas, o verdadeiro cavalo de Tróia com que o capitalismo derrotou as legítimas aspirações da classe proletária europeia. Acompanharam alegremente o caminho escolhido pela social-democracia europeia desde o célebre congresso do SPD de Bad Godesberg em 1959, até à concepção política da CEE, embrião da actual U. E., toda ela baseada numa economia de mercado assente na livre concorrência (como estabelece o Tratado de Roma, de 1957).
Todavia, aquilo que verdadeiramente se deverá extrair do percurso histórico dos socialistas europeus, não será tanto o conteúdo das suas opções mas sim, a forma como sempre se apresentaram ao eleitorado.
Nunca tiveram a sinceridade ou a dignidade de assumirem um novo paradigma político, sendo caso para perguntar se não o fizeram por falta de ideólogos ou por mera distracção.
Mais alvitrante se torna a postura dos socialistas portugueses, quando fundada em tempos ulteriores ao já aludido processo de transformação do socialismo europeu.
O punho cerrado e a vestimenta vermelha com que se apresentaram ao povo português, em vésperas de um golpe militar anunciado, deram precocemente o lugar à rosa sem espinhos que até as tonalidades do partido mitigou.
Enganaram e continuam a enganar o povo português.
Apresentam-se e são incansavelmente apresentados como a única alternativa viável de esquerda, servindo como abrigo aos votos dos descontentes com as opções mais liberais. E somente para isso servem.
São a almofada do sistema. São o dique que impede que corra o fluxo de eleitorado da direita, para a verdadeira esquerda.
Actualmente não passam de uma finta do capital, para que tu Maria, muito sistemicamente possas continuar a brincar ao jogo das artificiais alternativas políticas.
Os partidos socialistas são em Portugal, como em Espanha, na França e noutros países da Europa, um tampão à liberdade e autodeterminação política do povo europeu.
Creio chegado o momento de exigir à verdadeira esquerda que rompa amarras com esta gentalha.
É já insuportável a desfaçatez com que estes partidos se intitulam socialistas. Pergunto-me como é que de cada vez que produz o mais singelo acto político, que passa pela identificação da sua filiação partidária, um militante do PS português convive tão impunemente com a trapaça e o logro.
Não consigo compreender que por exemplo em Portugal, e perante os últimos 30 anos da “acção socialista”, um único que seja, simpatizante do PS, conviva bem com a designação de socialista.
E já que a mais não se dispõem, que nos façam o menor dos favores e se assumam perante os portugueses como aquilo que anunciam ser, socialistas democráticos.
Reinventem-se como Partido Socialista Democrático (PSD) e submetam-se ao escrutínio de um povo que finalmente perceberá aquilo que verdadeiramente os distingue daqueles que nas vezes do branco, usaram o amarelo para esconderem a coloração com que, de origem, enganaram os mais incautos.

10 de dezembro de 2010

Quem manipula as acusadoras de Assange?

Depois de publicar o “Diário de Guerra Afegão, que tornou visível esta campanha neocolonial, cruel e desnecessária”, Julian Assange tornou-se um alvo a abater. No entanto, sua morte, ainda e sempre possível, não retirava o efeito da publicação dos 251.000 documentos secretos norte-americanos e desacreditava mais o imperialismo norte-americano. É sempre melhor desacreditar um inimigo que fazer dele um mártir, como diz o jornalista e radialista colombiano Ernesto Carmona.

Não são “flores que se cheirem” as virgens nórdicas que acusam Julian Assange de «violação» e «não utilização de preservativo». Por exemplo, Anna Ardin - a acusadora oficial - nasceu em Cuba e escreve artigos contra Fidel Castro e o seu país de origem em publicações financiadas com dólares do contribuinte estadunidense, através de grupos cubano-americanos apoiados em Miami pela CIA, enquanto a sua sócia, Sofia Wilen, de 26 anos, montou a Assange conhecido engate tipo «meias de rockeira» [calcetinera rockera] até o levar para a cama, para depois ser a primeira a acusá-lo de violação, aparentemente como vingança pelo facto de o responsável da Wikileaks não lhe ter telefonado no dia seguinte.

O historial político de Ardin foi detalhadamente descrito pelo jornalista canadiano-cubano do Granma, Jean_Guy Allard, enquanto a conspiração para destruir a imagem de Assange e desacreditar as divulgações de Wikileaks foi esmiuçada exaustivamente por Israel Shamir e Paul Bennet, tão antecipadamente como o dia 14 de Setembro de 2010, numa documentada nota intitulada «Brincando com o crime de violação pelo sitiado Assange» em CounterPounch.Org, cuja epígrafe reza «A melhor newsletter política estadunidense» (excepto Bound magazine). 

As linhas abaixo são a versão em castelhano da nota de Counter Pounch:
Tornou-se novamente nebulosa a conspiração contra o nosso herói preferido de Matrix. O nosso «Capitão Nero», Julian Assange, está outra vez frente ao perigo. Quando deixámos o lendário fundador de Wikileaks no capitulo anterior, este suspirava de alívio depois de escapar das falsas acusações de dupla violação. As denúncias caíram, e o nosso herói que ficou novamente livre para vaguear pelo globo. Mas as conspirações desta telenovela são repetitivas. A história foi rapidamente reciclada e agora o nosso valente capitão está, uma vez, mais sob a ameaça de castração por Stora Torget, de Estocolmo, ou o ansiado castigo por molestar sagradas virgens nórdicas numa terra onde em tempos reinaram os Vikings.

Por outras palavras, ressurgiram de novo as absurdas acusações de violação contra o Inimigo Público nº 1 do Pentágono. Assange agora é acusado de:
1) não ter telefonado no dia seguinte a ter desfrutado uma noite de amor;
2) ter-lhe pedido que pagasse o seu bilhete de autocarro;
3) ter feito sexo inseguro, e
4) participar em dois breves affairs numa semana.


Publicado em ODiario.info          Ler texto integral


9 de dezembro de 2010

Estudantada protesta em Londres





Em Londres os estudantes estão a manifestar-se contra o aumento das propinas e devo dizer que a situação parece horrorosa. Chegaram ao ponto de pontapear o carro de Sua Alteza o Princepe Carlos. A pobre Camila deve ter ficado nervosíssima com estes brutos todos à volta da limusine. Os pobrezinhos iam ao teatro e lá ficaram com a noite estragada como muito oportunamente nos informa o Diário de Notícias.

Não percebo porquê tanto barulho. Afinal de contas nem todos podem ser doutores e se não têm nove mil euros para pagar as propinas também dificilmente terão algum nível para ter um curso. Uma pessoa vê estes videos e aquilo é um horror de gente mal vestida, pessoas de étnias e credos que certamente só contribuem para baixar o nível do ensino superior. Ao menos com umas propinas mais altas sempre se filtra alguns destes elementos.

E depois aqueles cartazes sobre trabalhadores e estudantes unidos é uma coisa tão demodé. Felizmente já quase não há trabalhadores em Inglaterra, como em qualquer país evoluído quase toda a gente pertence à classe média.

Por cá é que nunca se viu nada assim e provavelmente nunca se verá. As associações de estudantes são dirigidas por jovens responsáveis e com cabeça, tanto que não me espantaria que alguns cheguem a deputados ou ministros. Que deus os guie.

Aeroporto - Com ou sem greve







Um aeroporto.
Duas Marias e mais alguém.
Com boa disposição,
e controladores ou não.

Modelo económico a seguir...


A taxa de desemprego oficial nos EUA subiu para 9,8 por cento em Novembro, o mais alto índice em sete meses e o 19.º mês consecutivo com uma taxa acima dos 9 pontos percentuais, o mais longo período desde a Segunda Grande Guerra Mundial O total de trabalhadores admitidos como desempregados cifra-se, assim, acima dos 15 milhões, dos quais cerca de 40 por cento se encontram desocupados há mais de meio ano. Em média, um trabalhador necessita de quase 34 semanas para encontrar um novo posto de trabalho.
Em contraste, os lucros do grande capital norte-americano batem recordes com 60 anos. No terceiro semestre deste ano, o líquido apurado alcançou os 1,6 biliões de dólares, admitiu o Departamento do Comércio. Pelo sétimo trimestre consecutivo, os lucros do capital crescem e correspondem agora a mais de 11 por cento do Produto Interno Bruto da nação.
A revista Forbes, por seu lado, diz que em 2010 o património dos 400 norte-americanos mais ricos cresceu 8 por cento, superando, por exemplo, o Produto Interno Bruto da Índia, país com mais de 1,2 mil milhões de habitantes.




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Natal em Portugal




Chegado o período natalício vejo-me obrigado a algumas considerações avulsas, desgarradas e próprias de quem apenas celebra o solstício de inverno, se bem que por vício imposto, nunca recusará os prazeres de uma boa ceia de Natal, ao calor da lareira, na presença da família, partilhando a alegria das crianças e gozando do conforto conquistado à boleia da bonomia que por estas ocasiões arrebata, embora artificialmente, a maioria dos espíritos judaico-cristãos.
E é por obediência à tradição me revolto contra todos aqueles que renegam a expressão máxima do Natal português.
Contra todos os patriotas que cantam hosanas a brasileiros jogadores da bola, apenas por estes envergarem camisetas com quinas, mas que moderna e parolamente integram grupos do facebook que têm por único objectivo a derrota de um dos hábitos mais genuinamente portugueses.
Indigno-me com aqueles que se envergonham do pobre passado luso, que se recusam a aceitar e até escondem o miserável estado de que este país parece nunca ter saído, dispondo-se no Natal, a gastar o que têm e o que não têm, em prendas que na maioria das vezes não interessam, por inúteis e sem significado, a quem delas deveria gozar.
Não tentem, contudo, antever nesta patetice sem sentido, o sentido da moralidade cristã, contra a obscena manifestação materialista em que por vezes se tornou a celebração do nascimento do filho de Maria e José.
Não procurem desta dissertação extrair também, qualquer moralidade barata, ao estilo nacional patriótico, contra a compra massiva de artigos made in china ou contra a adulação de aparatos de origem anglo-saxónica, em prejuízo da produção portuguesa. Ainda que um boneco das caldas, oferecido com a dose certa de humor, ajude, de quando em quando, a aliviar as tensões que algumas ex-amigas possam ter ajudado a crescer.
Todavia apenas me move a defesa de um dos valores maiores do Portugal moderno, nascido das entranhas do Estado Novo. Hábito que assinala o sentido prático dos portugueses e a generosidade como arma com que este mesmo povo sempre teimou em combater a sua miséria.
Pretendo, pois, ajudar a manter vivo um pedaço da nossa memória colectiva, com a certeza que da assumpção das nossas fraquezas e orgulho na forma como as ultrapassamos, poderemos almejar um futuro melhor.
Por isso insisto para que neste Natal, mais que em todos os outros ofereçamos:
Peúgas e slipes.
Ou como soe dizer-se na minha terra, meias e cuecas.
Para com salutar humor e apurado sentido crítico, lembrando-nos dos pelintras que somos, abrirmos o sorriso quando apalparmos o embrulho recebido pelas mãos frias e trémulas da tia-avó que sabe de experiência vivida, o quanto os pés quentes ajudam a confortar a alma.
Vamos rasgar o riso e retribuir.
Vamos deixar de furtar toalhas dos aviões, vamos deixar de fazer cadeiras da universidade ao domingo, vamos deixar de passear de Jaguar por conta de sabe-se lá quem, vamos deixar de receber de braços abertos pedófilos em nossa casa, vamos deixar de comer bolo-rei de boca aberta e tudo isso enquanto pasmados contemplamos os figurões que vão delapidando o nosso país e o nosso futuro.
Porque já vai sendo tempo, aconcheguem-se os ditos nos trusses mais apertadinhos que a luta afigura-se brava, equipem-se os calcantes com os coturnos mais confortáveis que a caminhada promete ser longa, e partamos nesta jornada de ida na procura de um Portugal melhor.


8 de dezembro de 2010

Wikileaks, a cobardia dos orgãos de informação




Numa tão atabalhoada, quanto desesperada tentativa de distrair as atenções da opinião pública sobre as sombrias actividades da inteligência norte-americana e a miserável subserviência revelada pelos governos dos restantes países, onde lamentavelmente se podem incluir as principais nações europeias, os órgãos de informação ocidentais brindaram-nos com mais um medíocre espectáculo. Na verdade, havendo tanto de que se falar, tais órgãos de (des)informação, socorreram-se de diversos “fait divers” relativos ao carácter de alguns políticos da cena internacional, como manobra de diversão, no sentido de distraírem a opinião pública do essencial.
A agilidade, a insistência e a falta de vergonha com que a maioria dos editores e seus quejandos se apresta, agora, a lembrar o seu código deontológico, faz-me imaginá-los de avental e espanador na mão a limparem o pó, àquilo que durante anos esqueceram. Sem sequer pretender disfarçar, esta corja de paus-mandados sujeita-se, pelas posições adoptadas, a ser confundida com a criadagem que de fardazinha mais arrojada e abandonado o malfadado espanador, se agarra com afinco a instrumentos mais conotados com a prática de outro tipo de serviços domésticos.
Ainda assim, algumas das revelações wikiliquianas de interesse mereceram tratamento informativo. Como refere Gareth Porter, no CounterPunch da semana passada, algumas das revelações longe de louváveis para a imprensa "de referência" dos EUA, mereceram um tratamento situado entre o que designo, a mentira e a meia verdade.
Identificado um telegrama diplomático de Fevereiro último, divulgado pelo Wikileaks e que apresenta um relato pormenorizado de como, especialistas russos no programa de mísseis balísticos iranianos, refutaram a sugestão dos EUA de que o Irão dispõe de mísseis capazes de alvejar capitais europeias ou que pretende desenvolver tal capacidade, Porter destaca o seguinte aspecto:
"Os leitores dos dois principais jornais dos EUA nunca conheceram os factos chave acerca do documento. O New York Post e o Washington Post informaram apenas que os Estados Unidos acreditavam que o Irão havia adquirido tais mísseis – supostamente chamados BM-25 – à Coreia do Norte. Nenhum dos dois jornais informou a pormenorizada refutação russa do ponto de vista americano sobre a questão ou a falta de prova concreta dos BM-25 por parte dos EUA.”
“O The Times, que segundo o Washington Post, de segunda-feira, obteve os telegramas diplomáticos não do WikiLeaks, mas sim, do The Guardian, não publicou o texto do telegrama. A notícia no The Times, dizia que jornal tomara a decisão de não publicar 'a pedido da administração Obama'. Isso significa que os seus leitores não poderiam comparar a informação altamente distorcida do documento na notícia do The Times, com o documento original, sem pesquisarem o site do WikiLeaks".
A aversão ao WikiLeaks na imprensa "oficial" dos EUA ficou bem patente já na primeira das duas grandes divulgações de documentos relativos às guerras no Iraque e no Afeganistão. O New York Times, conseguiu o feito pouco elegante de publicar algumas das fugas enquanto simultaneamente afectava uma atitude arrogante e dava uma machadada maldosa em Assange escrita pelo seu repórter John F. Burns, homem com um registo brilhante de colaboração com várias agendas do governo estado-unidense.
Mais que as manobras de diversão, cortinas de fumo e a opinião pré-formatada que nos tenta impingir, são a mentira ou as meias verdades que caracterizam a desonestidade intelectual e moral dos arautos do regime.
Prova, provada Maria, que não devemos acreditar piamente nestes mentirosos.
Certeza mais certa Maria, que tudo farão para atirarem as revelações wikiliquianas, para o interior de um baú mais refundido, que o código deontológico que abandonaram ao pó.


http://www.counterpunch.org/cockburn12032010.html


Porque extraído em parte do resistir.info


Segue, também o apelo contido na carta aberta de Daniel Ellsberg, em que se condena a cobardia e o servilismo da Amazon ao terminar abruptamente a hospedagem do Wikileaks no seu servidor devido a pressões de um senador dos EUA.

7 de dezembro de 2010

Solidariedade ao Sr.Ministro das Finanças


Que situação Sr.Ministro, isto não se faz. Preparava-me eu para lhe dar os parabéns por ter passado de péssimo a muito mau, quando de repente, sai esta notícia : não é que afinal o Sr. Ministro em vez de subir três, desceu em relação a 2009, um lugar no ranking, isto não pode ser!
Mas não desanime, pelo menos está consolidar a posição, há ainda 3 piores ministros que o senhor. Olhe que não é mau e ainda vai a tempo de rectificar isso com mais medidas de austeridade. È que isto sem sacrifícios não vai lá, o povo tem de passar o sacrifício de aceitar que os sacrifícios sejam só para si. Ao povo o que é do povo!

Sugiro por isso mais cortes sociais, se ainda houver alguns para fazer. Com isso garanto-lhe logo que sobe dois lugares!
Mais benefícios para a banca, valem mais um lugar Sr. Ministro, porque a banca está numa posição insustentável. Esses desgraçados pagam de impostos, a exorbitante média de 10%. É um sector que precisa de ser ajudado, cinco milhões de euros por dia de lucro bruto não é digno de se apresentar. Como fica o Sr. Ministro aos olhos dos seus parceiros europeus?

O Sr.Ministro deve estar a pensar na injustiça que representa o facto das grandes empresas terem antecipado a distribuição de dividendos para fugir aos impostos. Pois é Sr. Ministro, não havia necessidade de lhes ter causado tamanho transtorno! Mas eu sei, nós sabemos que o Sr. Ministro só fez isso para não ser acusado de, uma vez mais, favorecer os grandes grupos económicos. Que vossa excelência ao incluir o novo imposto no OE estava fartinho de saber que havia uma fuga na lei que permitiria que as empresas distribuíssem as mais-valias ainda este ano, de maneira a não ser cobrado o imposto. Ou não tivesse já sido o Sr. Ministro, presidente da CMVM.
Ainda assim como foi possível deixa-los passar por esta situação tão desconfortável?

Mas nem tudo é mau, no mesmo dia em que foi chumbado o projecto do PCP na Assembleia da Republica, foi confirmada a transferência da primeira tranche para o Estado, do fundo de pensões da PT. Isso ajudou a desviar as atenções da opinião pública, afinal a PT é nossa amiga vai ajudar-nos a diminuir o défice. Um conjunto de acontecimentos que fortalece a subida no ranking, por este plano genial o Sr.Ministro sobe mais dois lugares!
Agora só tem de esperar que os colegas europeus façam pior! 

Mas calma Sr.Ministro, ainda não há motivos para festejos. Há muito trabalho pela frente, ainda existem muitas famílias que não caíram na miséria total! Eu sei que o Sr. Ministro vai dizer que está tranquilo, que dorme bem e sabe melhor o que faz.
Eu também sei Sr. Ministro, sei muito bem o que faz!

Envio-lho o meu abraço de solidariedade


5 de dezembro de 2010

Coragem





Se há coisa que admiro é a coragem. Gosto de homens que fazem peito e se atiram com bravura ao inimigo, quantas vezes imensamente superior quer em força quer em número. Como os nosso governantes por essas Europas, que do nosso determinado Sócrates à austera Merkel têm feito tantos sacrifícios e tomado medidas que lhes causam tanta dor e aflição só para pôr na ordem esta turba de funcionário públicos, sindicalistas, esquerdistas e outras espécies exóticas e fazê-los pagar a crise porque é preciso que alguém a pague e é a assim a vida. E é vê-los, sempre que conseguem baixar um salário ou despedir um malandro dum funcionário público, a elogiar-se uns aos outros, ele é abraços, pancadinhas nas costas e muitas vezes uma mal escondida pontinha de inveja pela coragem alheia. Aqui a Mariazinha confessa que sente uma certa emoção com tão galantes lutadores e até uns calores esquisitos que a deixam assim meio desassossegada. Enfim, coisas minhas.

Temos é que dar graças a Deus para que estes senhores não percam a coragem que tanta falta nos faz. Viu-se agora com esta coisa selvagem e miserável da greve dos controladores de tráfego aéreo em Espanha. Uma gente que trabalha uns turnos de quatro horas, ganha pra cima de não sei quantos centos de mil euros ao ano e têm a lata de vir fazer greve! Primeiro onde é que já se viu um empregado ganhar tanto dinheiro? Deve ser um belo emprego sim senhor! Se fossem administradores da empresa vá lá que não vá, que são cargos de responsabilidade e mandar dá muitas dores de cabeça. Agora estar ali a ver uns aviõezinhos num ecrã durante quatro horas vale assim tanto dinheiro? Imaginem o que seria, depois de tanto sacrifício que os nossos governantes fizeram por essa Europa fora para pôr as contas em ordem, a calamidade de ceder perante um grupo tão pequeno, tão privilegiado, tão poderoso e ao mesmo tempo tão mal intencionado? Que mau exemplo para todos! Tanto governante desautorizado, tanta testosterona em vão derramada. E depois imagine os malandros a levarem a sua avante? Imaginem o que nos aconteceria a nós que estamos aqui tão perto e que se fica a saber tudo o que se passa no país do lado? No dia seguinte ia ser um ver se te avias de homens do lixo a pedir de volta o abono de família, empregados de mesa a pedir um salário mínimo de quinhentos euros e bancários a exigir que os banqueiros paguem impostos. E isso tá bem de ver, era um problema porque não há dinheiro para tanta regalia. (Até me podem dizer que sim que os banqueiros deviam pagar impostos e eu até aceito isso. Mas tem que haver regras. Como aqueles senhores deputados do PS que fizeram uma sugestão de os senhores banqueiros contribuírem voluntariamente para o bem da nação. Pediram de forma respeitosa e quando perceberam que os senhores banqueiros não estavam interessados mudaram de assunto que é assim que se fazem as discussões entre cavalheiros. Ou os senhores da Grécia e da Irlanda que face às dificuldades nunca se puseram a fazer queixinhas dos senhores banqueiros ou dos senhores que compram aqueles papéis das dívidas e deitaram mãos à obra e acabaram com muitos dos privilégios que existiam lá nos países deles).

Ainda dizem que de Espanha nem bom vento nem bom casamento, mas lá que o Zapatero os tem no lugar isso é verdade. A luta era tão desigual que até teve que meter tropa. E eu que me pelo por homens de farda…

Não me pertenço


















                                           Conto original, publicado em Contos e Poemas               Ler agora


4 de dezembro de 2010

Cercar a Rússia, visar a China: O verdadeiro papel da NATO na grande estratégia dos EUA


Embora escrito antes da Cimeira da NATO em Lisboa, este texto de Diana Johnstone mantém toda a actualidade. Depois de desmascarar os objectivos da NATO, a autora conclui: “Os governos euro-atlânticos proclamam a sua «democracia» como prova do seu direito absoluto de intervir nos assuntos do resto do mundo. Com base na falácia de que os «direitos humanos são necessários para a paz», proclamam o seu direito a fazer a guerra. Uma questão crucial é se a «democracia ocidental» ainda tem força para desmantelar esta máquina de guerra antes que seja tarde demais.”Nos dias 19 e 20 de Novembro, reúnem-se em Lisboa dirigentes da NATO numa cimeira designada por “Conceito Estratégico da NATO”. Entre os tópicos para discussão encontra-se uma série de “ameaças” assustadoras, desde a guerra cibernética até à alteração climática, assim como belas coisas protectoras como armas nucleares e uma inútil Linha Maginot de alta tecnologia destinada a fazer parar os mísseis inimigos em pleno voo. Os dirigentes da NATO não conseguirão evitar falar da guerra no Afeganistão, essa cruzada interminável que une o mundo civilizado contra o esquivo Velho da Montanha, Hassan i Sabah, chefe dos Assassinos do século onze na sua mais recente encarnação como Osama bin Laden. Sem dúvida vai haver muita conversa sobre os “nossos valores comuns”.

A maior parte do que vai ser discutido é ficção com uma etiqueta de preço.
A única coisa que falta na agenda da cimeira Conceito Estratégico é uma discussão a sério sobre estratégia.
Isto, em parte, resulta de a NATO, enquanto tal, não ter qualquer estratégia, e não poder ter a sua própria estratégia. A NATO é na verdade um instrumento da estratégia dos Estados Unidos. O seu único Conceito Estratégico operacional é o que é posto em prática pelos Estados Unidos. Mas até esse é um fantasma esquivo. Segundo parece, os dirigentes americanos preferem posições impressionantes, “soluções espectaculares”, em vez de definirem estratégias.ias 19 e 20 
Publicado em ODiario.info          Ler texto integral

3 de dezembro de 2010

Wikileaks: procura-se a besta negra



Aquele que é o responsável de provocar o 11 de Setembro da diplomacia mundial, tem a cabeça a prémio. Visto como o novo inimigo público número 1, Julian Assange, fundador do Wikileaks é o homem mais procurado do momento. A Interpol emitiu uma ordem de captura internacional e pode ser detido a qualquer instante.

Mas, onde pára o novo "Bin Laden"?
A estratégia de Julian Assange passa neste momento por comunicar com a imprensa virtualmente, fá-lo também através de vídeos previamente gravados. Consta que utiliza telemóveis pré pagos e troca de aparelho quase de hora a hora, usa dinheiro em vez de cartões de crédito e fica hospedado com amigos ou em hotéis, com falsa identidade.
Entre outros, o Wikileaks divulgou milhares documentos secretos militares dos EUA sobre a guerra do Iraque e Afeganistão. Os EUA vão tentar processar Julian Assenge por espionagem.
Especula-se que tem um seguro de vida valiosíssimo, o arquivo ultra secreto "insurance.aes256", cuja revelação poderá ser ainda mais "bombástica", criptografado com o sistema mais avançado do mundo, o mesmo que é usado pelo governo dos EUA, pronto para ser revelado caso lhe aconteça algo.

Uma coisa é certa, ainda ninguém pôs em causa a veracidade do conteúdo destes documentos.
Deverá a verdade quando revelada, ser susceptível de condenação?

Que haverá a dizer de Boikot?






Rock e ska de cultura punk que partindo de um ambiente urbano, desagua com alegria no folk balcânico, com um último trabalho datado de 2008 e baptizado de Amaneció.
Construção musical muito própria, antecâmara da luta pela paz e da conquista da liberdade pela via da igualdade, facilmente nos arrebatam. Um ideário expresso sem subterfúgios e aqui tão próximo.
E Portugal cada vez mais burguês...

Ahora que vamos despacio
Ahora que vamos despacio
Vamos a contar mentiras tralará !
Vamos a contar verdades tralará !
Vamos a contar tu vida.

Ya no roban al obrero
Ya no hay paro, ya no hay clero
Ya no existe el desalojo tralará !!
Ningún insumiso preso tralará !!
Vamos a contar mentiras.

Quando te propus este desafio Maria, partiste com reservas mas também com vontade de te deixares surpreender.
Outra incursão pelas ruelas mal iluminadas desta vida.
Encontro com Boikot, banda com “apenas” vinte e três anos de carreira, onze álbuns editados e uma etiqueta própria – BKT e que tal qual todos os nossos anteriores convidados, não tem lugar nas estantes das discotecas portuguesas nem tão pouco, nas playlist das nossas rádios.

Porque a música não tem pátria e os gostos musicais não têm fronteiras, apresento-te directamente de Nova Iorque - Hazmat Modine.




Link para conhecer melhor Boikot



2 de dezembro de 2010

Projecto do PCP sobre dividendos chumbado




 As Portas que Abril abriu…


Era uma vez um país
onde entre o mar e a guerra
vivia o mais infeliz
dos povos à beira-terra.
Onde entre vinhas sobredos
vales socalcos searas
serras atalhos veredas
lezírias e praias claras
um povo se debruçava
como um vime de tristeza
sobre um rio onde mirava
a sua própria pobreza.

Era uma vez um país
onde o pão era contado
onde quem tinha a raiz
tinha o fruto arrecadado
onde quem tinha o dinheiro
tinha o operário algemado
onde suava o ceifeiro
que dormia com o gado
onde tossia o mineiro
em Aljustrel ajustado
onde morria primeiro
quem nascia desgraçado.

Era uma vez um país
de tal maneira explorado
pelos consórcios fabris
pelo mando acumulado
pelas ideias nazis
pelo dinheiro estragado
pelo dobrar da cerviz
pelo trabalho amarrado
que até hoje já se diz
que nos tempos do passado
se chamava esse país
Portugal suicidado.




...ou não!


"PS, PSD e CDS ao votarem contra este projecto do PCP deram ao Grupo Espírito Santo, à Ongoing e a outros, os milhões que retiraram com o orçamento do Estado aos salários, às reformas ou ao abono de família"