9 de março de 2011

Aumenta o perigo de intervenção imperialista na Líbia


                                                                                                                                            
Crescem as indicações de que o imperialismo pretende invadir a Líbia e exercer um controlo ainda mais directo das suas riquezas em petróleo e do seu gás natural. “Cabe ao povo da Líbia, da África e do mundo árabe avaliar o papel contraditório de Kadafi, o presidente do Conselho do Comando Revolucionário da Líbia. O povo dos EUA, no centro de um império construído sobre a exploração global, não deveria aderir às caracterizações racistas, ridicularizações e demonizações de Kadafi que saturam os media corporativos. Mesmo que Kadafi fosse tão sereno e austero como um monge e tão cuidadoso quanto um diplomata, como presidente de país africano rico em petróleo anteriormente subdesenvolvido ele ainda teria sido odiado, ridicularizado e demonizado pelo imperialismo dos EUA se houvesse resistido ao domínio corporativo estadunidense. Esse foi o seu crime real pelo qual nunca foi esquecido.” “Por que Washington e as potências europeias estão desejosos e ansiosos por actuarem na Líbia? (…) A Líbia é um país rico petróleo – um dos 10 mais ricos do mundo. A Líbia tem as maiores reservas provadas da África, pelo menos 44 mil milhões de barris. Ela tem estado a produzir 1,8 milhão de barris de petróleo por dia – um bruto leve que é considerada da melhor qualidade e precisa de menos tratamento do que a maior parte dos outros petróleos. A Líbia também tem grandes depósitos de gás natural que é fácil canalizar directamente para mercados europeus. É um país grande em área com uma pequena população de 6,4 milhões de pessoas.



A pior coisa que poderia acontecer ao povo da Líbia seria uma intervenção dos EUA.

A pior coisa que poderia acontecer ao levantamento revolucionário que sacode o mundo árabe seria uma intervenção dos EUA na Líbia.

A Casa Branca está a reunir-se com os seus aliados dos países imperialistas europeus da NATO para discutir a imposição de uma zona de interdição de voo (no-fly zone) sobre a Líbia, a interferência electrónica de todas as comunicações do presidente Moammar Kadafi dentro da Líbia e o estabelecimento de corredores militares dentro da Líbia a partir do Egipto e da Tunísia, supostamente para «assistir refugiados». (New York Times, 27 Fev.)
Isto significa posicionar tropas dos EUA/NATO no Egipto e na Tunísia junto aos dois mais ricos campos petrolíferos da NATO, tanto a Leste como a Oeste. Significa o Pentágono coordenar manobras com militares egípcios e tunisinos. O que é que poderia ser mais perigoso para as revoluções egípcia e tunisina?

A Itália, outrora a colonizadora da Líbia, suspendeu um tratado de 2008 com a Líbia que incluía uma cláusula de não agressão, movimento que poderia permitir que fizesse parte de futuras operações de «manutenção da paz» ali e permitir a utilização das suas bases militares em qualquer intervenção possível. Várias bases dos EUA e da NATO na Itália, incluindo a base da Sexta Esquadra dos EUA em Nápoles, poderiam ser áreas de preparação para acções contra a Líbia.

O presidente Barack Obama anunciou que «o conjunto completo de opções» está a ser considerado. Esta é a linguagem de Washington para operações militares.

A secretária de Estado Hillary Clinton encontrou-se em Genebra a 28 de Fevereiro com ministros de Negócios Estrangeiros no Conselho da ONU de Direitos Humanos para discutir possíveis acções multilaterais.

Enquanto isso, a somar-se aos tambores de guerra pela intervenção militar, está a divulgação de uma carta pública do Foreign Policy Initiative, um think tank de extrema-direita considerado como o sucessor do Project for the New American Century, a apelar para que os EUA e NATO preparem «imediatamente» acção militar para ajudar a deitar abaixo o regime Kadafi.

Dentre os signatários do apelo público incluem-se William Kristol, Richard Perle, Paul Wolfowitz, Elliott Abrams, Douglas Feith e mais de uma dúzia de antigos altos responsáveis da administração Bush, mais vários democratas liberais eminentes tais como Neil Hicks do Human Rights First e John Shattuck, chefe dos «direitos humanos» de Bill Clinton.

A carta apela a sanções económicas e acções militares: posicionamento de aviões de guerra e de uma Esquadra naval da NATO para impor zonas de interdição de voo e para ter capacidade de neutralizar vasos navais líbios.

Os senadores John McCain e Joseph Lieberman, quando em Telavive a 25 de Fevereiro, apelaram a Washington para o fornecimento de armas aos rebeldes líbios e ao estabelecimento de uma zona de interdição de voo sobre o país.

Não se pode ignorar os apelos a contingentes da ONU de trabalhadores médicos e humanitários, monitores de direitos humanos e investigadores do Tribunal Penal Internacional a serem enviados à Líbia com uma «escolta armada».
Proporcionar ajuda humanitária não tem de incluir militares. A Turquia evacuou 7.000 dos seus cidadãos em ferries e voos charter. Uns 29 mil trabalhadores chineses deixaram o país via ferries, voos charter e transportes terrestres.
Contudo, o modo pelo qual as potências europeias estão a evacuar os seus cidadãos da Líbia durante esta crise envolve uma ameaça militar e faz parte da manobra imperialista para obter posições futuras na Líbia.

A Alemanha enviou três navios de guerra, com 600 soldados, e dois aviões militares para retirar 200 empregados alemães da empresa de exploração de petróleo Wintershall de um campo no deserto a 600 milhas a Sudeste de Tripoli. Os britânicos enviaram o navio de guerra HMS Cumberland para evacuar 200 cidadãos seus e anunciaram que o destróier York estava a caminho a partir de Gibraltar.

Os EUA anunciaram a 28 de Fevereiro que estavam a enviar o enorme porta-aviões USS Enterprise e o navio anfíbio de assalto USS Kearsarge do Mar Vermelho para as águas ao largo da Líbia, onde juntar-se-ão ao USS Mount Whitney e outros navios de guerra da Sexta Esquadra. Oficiais estadunidenses chamam a isto um «pré-posicionamento de activos militares».

Publicado em ODiario.info          Ler texto integral


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