31 de outubro de 2010

China, compra de Títulos do Tesouro Português, ontem era tarde?




A China manifestou-se hoje disponível para "participar no esforço de recuperação económica e financeira" de Portugal. A vice-ministra dos Negócios Estrangeiros chinesa afirmou hoje que o país está disponível para comprar títulos do tesouro português. "A situação económica e financeira em Portugal tem sido sempre o centro das nossas atenções", disse a vice-ministra dos Negócios Estrangeiras chinesa, Fu Ying, quando questionada, em Pequim, sobre a possibilidade de a China adquirir parte da dívida portuguesa.

 A responsável sublinhou ainda que "a Europa tem sido sempre um dos principais mercados para o investimento das reservas da China em divisas". "Temos vontade para participar nos esforços dos países europeus para recuperar da crise", afirmou Fu Ying, antiga embaixadora da China em Londres e responsável pelas relações com a Europa. Referindo-se ainda a Portugal, Fu Ying manifestou-se confiante que o país conseguirá ultrapassar a crise actual.
Fu Ying falava num encontro com os jornalistas sobre a anunciada visita do Presidente chinês, Hu Jintao, a França e a Portugal, de 4 a 7 de Novembro.




Portugal sempre teve boas relações diplomáticas e económicas com a China, relações que duram há 500 anos, a China soube sempre reconhecer os povos amigos, da nossa parte temos o exemplo de Macau, que nos foi oferecido pelas excelentes relações e cooperação que tínhamos com o Império. 

Caso se venham a concretizar, os acordos e contractos de investimento previstos serão de grande importância. Uma excelente ajuda para Portugal e um bom negócio para a China. Esses investimentos e a compra de mais títulos de dívida pública portuguesa, libertar-nos-ia de certos agiotas e especuladores que exploram as nossas fraquezas. A possibilidade de Portugal passar a ser uma das portas de entrada da China na Europa é sem dúvida uma grande oportunidade para nós.

Passaríamos a ter uma parceria muito importante e ter como parceiro, aquela que já é a segunda maior economia do mundo e segundo algumas projecções, passará a ser a primeira economia já em 2020, ultrapassando os Estados Unidos, facto que seria sem dúvida muito valoroso. Estima-se também que o tamanho da economia chinesa, medido em termos de paridade do poder de compra, que hoje equivale a cerca de 86% da economia dos Estados Unidos, passará ao equivalente a 132%.

Com os acordos, a China poderá cobrar-nos uma menor taxa de juro. Portugal vende dívida pública sistematicamente a investidores privados, sejam eles, americanos, europeus ou árabes, só que a esses, Portugal tem que pagar mais para vender a sua dívida. Com os chineses, há a possibilidade de não pagar tanto. Se não for a China a comprar, vão ser outros, vamos ter sempre de pagar a dívida, neste caso será à china, não vejo prejuízo absolutamente nenhum, vejo sim, benefícios, porque Portugal no contexto económico mundial em que está inserido, poderá não encontrar melhor solução.

A China já comprou dois terços da dívida pública dos EUA, na Europa está a comprar a da Grécia, já comprou dívida de Espanha, Itália, Irlanda e comprar mais dívida de Portugal (já detém alguma), certamente não será para ficar a perder. Esta posição dentro da comunidade europeia, é um revés na estratégia de estrangulamento por parte  da França e Alemanha, aos países do sul da Europa e cujos interesses esmagam o desenvolvimento dos países mais pequenos, como Portugal.
Esta é a nova ordem mundial, agora quem manda é a China, estrategicamente e como grande potência que é, nunca escondeu o desejo de entrar na Europa e este seria o momento certo para agarrar esta oportunidade, ajudando Portugal e tirando dividendos disso.

Ao mesmo tempo, a estratégia passa também por possuir dívida pública, em dólares e em euros, por causa da batalha cambial com os EUA. Podendo assim exercer pressões e controlar deste modo, o valor das moedas concorrentes, tendo como interesse manter a moeda chinesa, o Yuan com valor baixo, para continuar com as exportações em alta.

Conseguindo tudo isto, pode meter em prática uma nova ordem, uma rota da seda moderna, e isso é mais uma jogada de mestre. Um dos acordos que celebrou com a Grécia em Junho deste ano, foi o da gestão do Molhe dois do porto ateniense do Pireu, um contrato por 35 anos, no valor de 3,3 mil milhões de euros, estando em curso a construção do novo Molhe três, aumentando para três vezes mais, o volume de carga que o porto pode comportar, e esse será o ponto de partida de uma rede de portos, centros de logística e caminhos-de-ferro, para distribuírem os seus produtos por toda a Europa e concorrer com Roterdão, o maior porto da Europa.

5 comentários:

  1. “Há dez anos, ninguém prestava atenção na existência da China. Era um país a mais no globo. Hoje, todos querem saber o que está acontecendo aqui, como estamos vivendo, em que direcção vamos, como pretendemos nos relacionar com o resto do mundo.”

    “Somos muito esforçados, prestamos muita atenção na educação, economizamos muito dinheiro. Isso, aliás, é uma diferença enorme em comparação com o Brasil. O seu país encoraja as pessoas a consumir. Os brasileiros querem comer fora, sair, ir a festas, comprar. Na China é diferente. As pessoas também consomem, mas, de modo geral, tendemos a economizar para dias difíceis.”

    Jiang Shixue, professor chinês especialista em América Latina

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  2. “A China, inquestionavelmente, foi outrora a maior civilização do mundo, não apenas em comparação a Roma, mas superior à Europa medieval.”

    John King Fairbank “China – Uma Nova História”


    “De 1000 a 1500 d.C. não havia comparação em termos de produtividade agrícola, habilidade industrial, complexidade comercial, riqueza urbana ou padrão de vida (para não mencionar a sofisticação burocrática e as conquistas culturais) que igualasse a Europa ao império chinês.”

    Albert Feuerwerker, historiador norte-americano

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  3. “Em 1978, Deng Xiaoping dá início às reformas que instituíram a economia socialista de mercado, responsável pela explosão recente do crescimento chinês”

    “É o país que mais cresce no mundo desde 1980 (9,6% ao ano)”

    “Desde 1980 saíram da pobreza 400 milhões de chineses (a maior massa humana a atingir
    este patamar em menos tempo na história da humanidade)”

    Fonte: OCDE



    “Em trinta anos, a China conseguiu baixar o analfabetismo de 60% para 4%, criar um sistema educacional eficiente, posicionar duas universidades entre as melhores do mundo e ter mais de 1,2 milhões de pesquisadores com doutorado”.

    Revista Veja, 04.07.2007



    “Na china há dois impostos, o de consumo e o de renda. Por isso, lá uma empresa só precisa de duas ou três pessoas para tratar da questão, enquanto que no Brasil as grandes companhias só conseguem trabalhar se tiverem uma equipe de 100 funcionários só para entender os impostos.”

    António Maciel Neto, presidente da Suzano - Brasil

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  4. Bem visto, mas não referiste África.

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  5. Viva J.Pedro,

    Não referi África para não fugir muito do tema da compra da dívida pública, fica talvez para uma próxima, mas basta ver os acordos feitos e apoios declarados aos países africanos para comprovarmos que África é muito importante para a China, eles têm de assegurar fontes de matérias-primas a longo prazo. O petróleo principalmente. É mais uma disputa com os EUA.

    É sempre um prazer ver-te por aqui, cumprimentos.

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