29 de janeiro de 2011

Isto de ser mulher tem muito que se lhe diga...





Sabes Maria? Isto de ser mulher tem muito que se lhe diga...
Não é só o corre, corre de cada dia, entre o trabalho, a casa e muitas vezes os filhos. Não é só uma sociedade que nos impõe (e nós também) o mainstrem da beleza feminina e da boa mãe de família, não é só a violência doméstica, não é só a discriminação social e nos locais de trabalho, há tanto por revelar Maria...
Alguns números chocam, sabes? Olha, só...
As mulheres representam 49% da população mundial, contudo detêm 1% da riqueza, possuem apenas 3,5% das propriedades, têm somente direita a 10% das receitas, quando ainda assim trabalham mais 25% que os homens e ganhando menos 30% que um homem com o mesmo emprego... (cf. NORRIS, P. Women's Legislative Participation in Western Europe, West European Politics).
No entanto temos uma história de luta e resistência que nos deve orgulhar e dar ânimo para mais luta e mais resistência.
Ai Maria deixa-me adivinhar! Já pensaste, que doida, uma feminista! Não te assustes Maria, o feminismo foi e é um movimento libertador cujo objectivo principal é a obtenção de iguais direitos para homens e mulheres e uma vivência livre de opressão, entre outros pelo género. Senão vejamos:
O feminismo ou o seu embrião, isto é, o primeiro grupo de mulheres que se juntou para falar sobre assuntos do seu interesse, que não tachos e panelas, teve lugar na Europa, mais concretamente em Middelburgo, uma cidade do sul dos Países Baixos em 1785.
Mas foi, a partir dos movimentos revolucionários que imanaram do período da Revolução Francesa e da expansão do capitalismo e com o surgimento dos partidos de esquerda, que, pela primeira vez, as mulheres encontraram espaço para as suas manifestações.
Os partidos precisavam das mulheres e as mulheres precisavam do espaço que os partidos lhes proporcionavam, podendo aí reivindicar, por exemplo, o direito ao voto. Tornou-se por isso natural que fosse um manifesto comum a feministas e revolucionários e que os direitos conquistados se tornassem direitos naturais para homens e mulheres. A primeira grande conquista deste período (Revolução Francesa) foi a instauração do casamento civil e a lei do divórcio em França.
Já no séc. XIX, em plena revolução industrial, a quantidade de mulheres trabalhadoras aumentou brutalmente, no entanto a diferença salarial entre sexos (ainda hoje existente) era avassaladora e tinha como argumento de base o facto de que estas tinham quem as sustentasse. Ora, nesse período, a visão socialista de um mundo sem exploração de classes ganhou forma e força e a situação das mulheres foi uma das partes visíveis dos vários tipos de exploração. O movimento feminista aliou-se então ao Movimento Operário. Organizadas, as mulheres tiveram a sua primeira convenção pelos Direitos das Mulheres em Seneca Falls, Nova York em 1848.
Em 1893 a Nova Zelândia foi o primeiro país onde as mulheres tiveram direito a voto, seguiram-se em 1918 a Alemanha e o Reino Unido e em 1945 a França, Itália e Japão.
Ora, até ao final dos anos 40 de séc. XX, as reivindicações de direito ao voto, à escolarização e ao acesso ao mercado de trabalho, foram formalmente conquistadas em quase todos os países ocidentais, obviamente que a abertura do mercado de trabalho se deveu essencialmente à falta de mão-de-obra masculina no período das duas grandes guerras, após o que terminada essa fase, de imediato se iniciou uma campanha de desvalorização do trabalho feminino.
A década de 60 trouxe para a discussão feminista o questionamento das raízes culturais das desigualdades, na construção social do indivíduo.
As conquistas maiores nas sociedades ocidentais foram o direito ao voto, o direito ao divórcio, o controlo do seu corpo com o direito à contracepção e ao aborto, o direito à propriedade e as oportunidades de trabalho com salários e promoções equiparadas aos homens...
Como nós sabemos, Maria, quão ténues são estas conquistas aqui na Europa Ocidental. Imagina só para todas as outras mulheres...
É por nós e por elas, Maria, que continua a ser preciso Lutar e Resistir!

Até breve



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