23 de janeiro de 2011

Vou votar!





No Portugal de Abril e para aqueles que não se revêem no actual estado de coisas, nunca uma eleição se apresentou tão clara na hora do voto.

Cinco candidatos de direita, mais ou menos conformistas, mais ou menos situacionistas.

Um único e valoroso candidato de esquerda.

Cinco artistas contorcionistas a praticarem malabares com a Lei do Orçamento de Estado.

Um combatente pelos direitos do povo português que sem hesitações ou hipocrisia, atirou para bem longe a prescrição neo-liberal.

Cinco artistas com cognomes apelativos, dos quais por economia de espaço, apenas citarei três:

“O Bom(zinho)” – ex-apoiante dos seus actuais contendores de direita, médico esquizofrénico e beato.

“O Mau” – javardo em toda a linha, reaccionário, demagogo, populista, homofóbico, machista, e todos os demais predicados com que orgulhosamente se apresenta a aprendiz de ditador.

E "O Vilão” – poeta enganador e ressabiado que em tempos recentes consporcou a casa a democracia portuguesa ao receber ali e de braços abertos, um ex-detido de delito comum, e que delito...

Nesta lusa cowboyada em registo de western spaghetti, os rostos aparecem-nos atenuados pela cosmética dos brandos costumes, produzindo a mais estranha das aberrações. Vítimas e vilões em abraços dessincronizados, que a política a isso obriga.
Um bloco de intelectualoides que, afirmando-se de esquerda, se prestam ao triste papel de apoiarem o Vilão, ou até o Bom(zinho). Ou ainda e nos casos de maior pudor, se dispõem a tirar coelhinhos da cartola.
Porque todos, sem excepção, do alto da sua soberba intelectual, apenas dão provas da sua incapacidade em romperem o mesmo preconceito que afecta o resto da carneirada.

Bem hajam todos.

Vou votar com a certeza cada vez maior, que o fogo de artifício deflagrado em Abril, por uma certa esquerda, não passou de um fogo fátuo, acompanhado de petardos foleiros a fazerem adivinhar os efeitos sonoros desta importada cowboyada “à La Berlusconi”.




Sem comentários:

Enviar um comentário