3 de março de 2011

Viva a revolução libia!





Este blog não tem linha editorial é certo. A malta é toda de esquerda e isso chega. Cada um é livre de exprimir as opiniões que entender e assim é que está bem. Mas as opiniões não estão isentas de crítica, sobretudo quando estão em jogo eventos tão dramáticos como os que a Líbia está a passar. Vem isto a propósito do texto de Miguel Urbano Rodrigues (MUR) publicado aqui hoje de manhã, supostamente uma análise crítica da situação no país.

Parece que a revolução deixa desorientada a intelectualidade do PCP, e a confusão ideológica leva a que figuras como MUR alinhem o seu pensamento com as mais diversas e tresloucadas orientações políticas.

O primeiro alinhamento é com a linha política de Khadafi. Este último explica a revolta como o resultado da distribuição de pastilhas alucinogénicas por Bin Laden à juventude Líbia. MUR acha que afinal a coisa foi feita pela CIA embora não esclareça se usou pastilhas. No entanto ainda concede que aconteceu alguma coisa na Tunísia e no Egipto que possa ter influenciado o povo Líbio. O aumento do preço dos alimentos também foi brutal nesses países, será que foi a CIA que também começou essas revoluções? Com que pastilhas?

O segundo alinhamento é com o fundamentalismo islâmico. Os manifestantes usam como símbolo a antiga bandeira da Líbia porque a bandeira do regime de Khadafi (um rectângulo verde) representa a concessão do ditador ao fundamentalimo islâmico e tornou-se símbolo de uma ditadura odiada. Que o autor conclua que se trata de uma tentativa de regresso ao passado só revela o seu total desencontro com a realidade e com um levantamento genuinamente popular e democrático.

O terceiro alinhamento é com a política do imperialismo e o cinismo que caracteriza a política externa da Casa Branca. Talvez se os mercenários falassem árabe a repressão fosse mais aceitável. Talvez se os discursos de Khadafi fossem menos agressivos fosse mais fácil assumir a nossa simpatia pelo grande líder. Washington sempre teve e terá os seus ditadores. Talvez fosse melhor que a esquerda não adoptasse nenhum e soubesse apoiar uma revolução quando ela está em frente ao seu nariz.


2 comentários:

  1. Guettojew,

    Os media escondem o inconveniente, a Líbia não é diferente, vê o caso de Wisconsin nos EUA.

    Entendo que a coisa não foi feita pela CIA, mas foi aproveitada por ela, agora disponibiliza meios e apoios aos revoltosos, a CIA só estava à espera que acendessem o rastilho. A revolta aconteceu também pelo efeito de contágio das revoluções do Egipto e Tunísia. Esta é a minha opinião.

    A frequência dos teus posts poderá dizer algo, o entusiasmo que demonstraste na revolução do Egipto,cujos posts gostei, esmoreceu na revolta da Líbia, isso poderá dizer alguma coisa, ficaste confuso?

    Duvidas do interesse e oportunismo americano para meter a mão naquele que é considerado, o petróleo de melhor qualidade daquela região?

    Agora vêm com a história das armas de destruição massiva, onde é que nós já ouvimos isso?

    Condeno a atitude de Kadafi, sem dúvida nenhuma! Mas também condeno a atitude dos vampiros de sempre. Um cocktail fabuloso de sangue fresco com ouro negro!

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  2. Caro Paulo Santos
    Não é falta de entusiasmo, é falta de tempo. De qualquer forma obrigado pelo seu comentário. Em breve escreverei sobre o assunto.

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